DA REDAÇÃO

O BCE (Banco Central Europeu) decidiu manter ontem a taxa de juros na zona do euro em 2% ao ano e afirmou que a economia já começa a crescer, o que dispensaria a necessidade de juros menores para impulsioná-la.
Segundo o presidente do BCE, o francês Jean-Claude Trichet, os indicadores da economia européia ainda apresentam "evidências mistas". Mas "os dados mais recentes têm sido encorajadores, com o último estudo sobre a zona do euro oferecendo mais sinais positivos. [...] As condições para a recuperação estão a postos".
Em entrevista após a reunião dos 18 membros do conselho do BCE em Helsinque (Finlândia), Trichet afirmou que a inflação está sob controle, o que deixaria o banco em condições semelhantes às das decisões anteriores.
A inflação nos 12 países da zona do euro em abril ficou em 2% no acumulado em 12 meses, contra 1,7% no mês anterior. A meta do banco europeu é de cerca de 2%.

Insistência
O banco mantém a taxa de juros na zona do euro em 2% ao ano desde junho de 2003, a despeito de apelos de líderes políticos para que ela seja reduzida.
A principal reclamação de políticos e do setor industrial diz respeito à valorização que o euro acumulou ante o dólar no início do ano, o que diminuiu a competitividade dos produtos europeus no exterior. A redução dos juros ajudaria a limitar a valorização.
"[O discurso] foi um pouco mais otimista do que em reuniões passadas, mas, nos principais tópicos, ele [Trichet] não alterou o tom mesmo" afirmou Julian von Landesberger, economista do HVB Group, em Munique.
"O cenário não mudou, ainda é equilibrado", completou.

Inglaterra
Em outra decisão esperada pelos mercados, o Banco da Inglaterra -o país não pertence à zona da moeda européia- elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 4,25% ao ano.
Em comunicado, o banco afirmou que "a elevação foi necessária para manter a inflação ao consumidor na trajetória que lhe permitirá atingir a meta a médio prazo". Foi a terceira vez que a instituição aumentou os juros desde novembro do ano passado.
O governo tem demonstrado preocupação com o aumento dos preços nas últimas semanas. Em março, a inflação na Inglaterra ficou em 1,1%.