São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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DIAS DE TENSÃO

Depois de um dia de forte oscilação, preço fechou ontem em queda

Agência de Energia diz que alta do petróleo deve durar

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Agência Internacional de Energia afirmou que a alta das cotações do petróleo no mercado internacional não é um fenômeno isolado e que o cenário ainda deve perdurar por algum tempo.
"Acredito que as tensões geopolíticas e a demanda chinesa ainda vão continuar a exercer pressão sobre os preços. A situação no Oriente Médio é imprevisível, por isso é difícil prever quando os preços deverão recuar", disse à Folha François Cattier, analista sênior da agência. A instituição, sediada em Paris, é um braço da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) para questões relativas a energia.
Em relatório divulgado nesta semana, a agência mostra preocupação com os preços da commodity. "O temor de um corte na produção da Opep [Organização de Países Exportadores de Petróleo], tensões políticas na Venezuela e a queda nos estoques levaram os preços internacionais do petróleo e de produtos [para níveis] mais elevados. As condições atuais do mercado estão mais instáveis que o normal. Isso se deve, em parte, às incertezas geopolíticas", diz trecho do texto.
Ontem, o mercado internacional viveu mais um dia de tensão nas cotações do petróleo. Em Nova York, depois de quase atingir US$ 40, o barril caiu 0,51% e fechou cotado a U$ 39,37.
O valor mantém a tendência de altas históricas no preço da commodity, que não registrava patamares semelhantes desde a Guerra do Golfo. Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, a cotação caiu 0,52% e o barril do tipo Brent encerrou em US$ 36,53.
Ao longo deste ano, a cotação da commodity em Nova York já acumula uma alta de 22%. A queda do estoques do produto nos EUA, aliada à previsão do aumento do consumo do produto no verão americano (entre junho e setembro), é outro foco para a manutenção das cotações em patamares elevados.
As refinarias americanas registraram um aumento na demanda de 3,4% nas últimas quatro semanas ante o mesmo período do ano passado. O cenário já faz com que os motoristas americanos paguem um preço considerado historicamente alto pelo galão de gasolina. Hoje, o produto está cotado a US$ 1,86.
Na avaliação do analista da Agência Internacional de Energia, porém, se houver alguma desaceleração do crescimento da economia chinesa, os preços do barril podem ter um recuo, mesmo com a pressão do mercado americano. "A China cresceu muito rapidamente e em níveis maiores do que se esperava. O mercado não estava preparado", disse. "Não acredito que as taxas de crescimento de dois dígitos da China sejam sustentáveis a longo prazo. A demanda tende a cair um pouco, o que vai ajudar a diminuir a pressão nos preços", afirmou Cattier.


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