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DIAS DE TENSÃO
Depois de um dia de forte oscilação, preço fechou ontem em queda
Agência de Energia diz que
alta do petróleo deve durar
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Agência Internacional de
Energia afirmou que a alta das cotações do petróleo no mercado internacional não é um fenômeno
isolado e que o cenário ainda deve
perdurar por algum tempo.
"Acredito que as tensões geopolíticas e a demanda chinesa ainda
vão continuar a exercer pressão
sobre os preços. A situação no
Oriente Médio é imprevisível, por
isso é difícil prever quando os preços deverão recuar", disse à Folha
François Cattier, analista sênior
da agência. A instituição, sediada
em Paris, é um braço da OCDE
(Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Econômico)
para questões relativas a energia.
Em relatório divulgado nesta semana, a agência mostra preocupação com os preços da commodity. "O temor de um corte na
produção da Opep [Organização
de Países Exportadores de Petróleo], tensões políticas na Venezuela e a queda nos estoques levaram os preços internacionais do
petróleo e de produtos [para níveis] mais elevados. As condições
atuais do mercado estão mais instáveis que o normal. Isso se deve,
em parte, às incertezas geopolíticas", diz trecho do texto.
Ontem, o mercado internacional viveu mais um dia de tensão
nas cotações do petróleo. Em Nova York, depois de quase atingir
US$ 40, o barril caiu 0,51% e fechou cotado a U$ 39,37.
O valor mantém a tendência de
altas históricas no preço da commodity, que não registrava patamares semelhantes desde a Guerra do Golfo. Na Bolsa Internacional do Petróleo, em Londres, a cotação caiu 0,52% e o barril do tipo
Brent encerrou em US$ 36,53.
Ao longo deste ano, a cotação da
commodity em Nova York já acumula uma alta de 22%. A queda
do estoques do produto nos EUA,
aliada à previsão do aumento do
consumo do produto no verão
americano (entre junho e setembro), é outro foco para a manutenção das cotações em patamares elevados.
As refinarias americanas registraram um aumento na demanda
de 3,4% nas últimas quatro semanas ante o mesmo período do ano
passado. O cenário já faz com que
os motoristas americanos paguem um preço considerado historicamente alto pelo galão de gasolina. Hoje, o produto está cotado a US$ 1,86.
Na avaliação do analista da
Agência Internacional de Energia,
porém, se houver alguma desaceleração do crescimento da economia chinesa, os preços do barril
podem ter um recuo, mesmo com
a pressão do mercado americano.
"A China cresceu muito rapidamente e em níveis maiores do que
se esperava. O mercado não estava preparado", disse. "Não acredito que as taxas de crescimento
de dois dígitos da China sejam
sustentáveis a longo prazo. A demanda tende a cair um pouco, o
que vai ajudar a diminuir a pressão nos preços", afirmou Cattier.
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