São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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HABITAÇÃO

Para presidente do banco, concessões tendem a ocorrer mais no 2º semestre

CEF libera 10% do crédito até março

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Neste início de ano, a concessão de crédito para habitação e para projetos de saneamento ficou distante das metas traçadas pelo governo. De um montante de R$ 9,652 bilhões que a Caixa Econômica Federal pretende aplicar neste ano nesses setores, foram disponibilizados, entre janeiro e março, R$ 947 milhões.
Os valores incluem empréstimos concedidos com dinheiro do FGTS e das cadernetas de poupança da Caixa. Não consideram os recursos do Orçamento do governo federal, que neste ano devem chegar a R$ 1 bilhão.
O presidente da Caixa, Jorge Mattoso, disse que é comum que liberações maiores de recursos ocorram no segundo semestre de cada ano. No primeiro trimestre de 2003, por exemplo, a concessão de financiamentos habitacionais ficou em R$ 970 milhões. Ao longo do ano, esse valor subiu e chegou a R$ 5 bilhões.
Apesar disso, Mattoso afirma que a queda na renda da população ajuda a explicar a falta de procura por novos empréstimos, em especial no caso do financiamento da casa própria.
No caso do saneamento -cuja liberação ficou em apenas R$ 29 milhões, enquanto a meta do ano é de R$ 2,352 bilhões-, o presidente da Caixa disse que a demora se deve ao tempo necessário para que os projetos do setor sejam aprovados. Segundo Mattoso, R$ 1,8 bilhão deve ser liberado até o final deste mês.

Lucro
Procedimentos contábeis fizeram com que o lucro da Caixa Econômica Federal crescesse 17,6% no primeiro trimestre deste ano. Esses procedimentos permitiram à Caixa pagar menos Imposto de Renda no período, o que compensou o impacto negativo que a queda dos juros teve sobre as contas da instituição.
O lucro líquido obtido entre janeiro e março ficou em R$ 404 milhões, acima dos R$ 344 milhões alcançados nos três primeiros meses de 2003. Já os gastos da Caixa com o pagamento de tributos recuaram de R$ 310 milhões para R$ 101 milhões.
O vice-presidente de Controladoria da Caixa, João Dornelles, afirmou ontem que o lucro do primeiro trimestre de 2003 foi menor do que poderia ser por causa de provisões feitas pela instituição. Provisão é o nome dado aos recursos que o banco deixa separados em suas contas para cobrir eventuais prejuízos que possam ocorrer no futuro.
As provisões funcionam como uma despesa -quanto maior a provisão, menor o lucro. As provisões feitas pela Caixa em 2003, porém, não podiam ser abatidas do Imposto de Renda. Desse modo, mesmo com um lucro menor, o gasto com impostos acabou sendo maior.
Se não fossem os pagamentos do imposto, o lucro da Caixa teria sido de R$ 640 milhões no primeiro trimestre de 2003 e de R$ 531 milhões neste ano. A queda, segundo Dornelles, "é natural, porque houve uma redução da taxa de juros".
No início do ano passado, os juros básicos da economia estavam em 26,5% ao ano. No final de março último, a taxa estava em 16,25% ao ano. Por esse motivo, o chamado resultado da intermediação financeira -que inclui operações de crédito e transações com títulos públicos- recuou 6,5%, de R$ 2,264 bilhões para R$ 2,117 bilhões.


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