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Tarifas de gás e de energia subirão
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O presidente da Argentina, Néstor Kirchner, poderá anunciar um
plano de reajuste das tarifas de gás
e energia elétrica entre hoje e terça-feira, como parte das medidas
que vão regulamentar o racionamento de energia divulgado na
semana passada.
A Folha apurou que o aumento
deverá ser escalonado, para diminuir o impacto do reajuste tanto
na popularidade do governo, cujo
índice de aprovação está cima de
60%, quanto na inflação.
Embora controlada, a inflação
de abril chegou a 0,90% e foi a
mais alta dos últimos 15 meses.
No ano, está acumulada em 2%.
Se concretizado, o reajuste será
o desfecho de uma queda-de-braço travada entre Kirchner e as empresas do setor, privatizadas nos
anos 90. A crise de oferta de energia forçou o governo a considerar
a demanda das empresas por aumento de preços. Ao subir as tarifas, o governo diminui a demanda
e estimula os investimentos.
Kirchner argumenta que o país
chegou ao racionamento porque
as empresas não fizeram investimentos e as acusa de terem remetido lucros em dólares ao exterior
enquanto durou a conversibilidade (um peso valia um dólar).
As empresas alegam que não investiram nos últimos três anos
porque não houve aumento de tarifas, congeladas desde a desvalorização do peso, em 2001.
Em fevereiro, um decreto presidencial autorizou reajuste de 35%
no preço do gás na boca do poço a
partir deste mês, mas o aumento
ainda não foi feito. Com os preços
liberados na boca do poço e as tarifas para os consumidores finais
congeladas, aumentam os protestos do resto da cadeia, como
transportadores e distribuidores.
Mais de 50% da matriz energética na Argentina é baseada na extração de gás, usado também na
cozinha e como combustível. Cerca de 90% dos táxis são a gás.
Além de anunciar um mecanismo de bônus e multas para incentivar a economia de energia, o governo estuda outras medidas, como a suspensão de jogos e espetáculos noturnos e a importação de
gás e óleo combustível da Bolívia e
da Venezuela. A crise também gerou um incidente diplomático
com o Chile por causa da suspensão das exportações de gás para
aquele país.
Assim como ocorreu no Brasil
em 2001, a crise de energia na Argentina deve frear a expansão
econômica do país, cujo PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 8,7%
em 2003, o que também contribuiu para agravar o quadro de falta de energia.
A interrupção do crescimento
da Argentina afeta o Brasil na medida em que diminui o fluxo de
comércio entre os países e produz
impacto na credibilidade e interesse de investidores na região.
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