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Bancos precisarão de mais de
US$ 100 bi
Instituições financeiras dos EUA se apressam em operações para levantar capital e tentar conter influência do governo
Apenas os 2 maiores bancos do país, Citibank e Bank of America, devem precisar de mais US$ 85 bi; resultado do "teste de estresse" sairá hoje
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Com a divulgação dos resultados dos "testes de estresse"
prevista para hoje, os bancos
norte-americanos entraram
em uma corrida contra o relógio para levantar capital e tentar conter a influência cada vez
maior do governo dos EUA em
suas operações.
Ontem, o porta-voz da Casa
Branca Robert Gibbs não descartou que o governo de Barack
Obama mude a administração
de bancos e empresas que receberem mais ajuda estatal.
A previsão é que 10 dos 19
bancos que passaram pelos testes executados pelo Departamento do Tesouro precisem levantar mais capital nas próximas semanas.
Os dois maiores bancos dos
EUA, Citigroup e BofA (Bank of
America), precisarão de estimados US$ 50 bilhões e US$ 35
bilhões, respectivamente.
O Wells Fargo precisaria de
US$ 15 bilhões, e o Gmac, braço
financeiro da General Motors,
de US$ 11,5 bilhões.
Goldman Sachs, Morgan Stanley, MetLife, JPMorgan Chase, Bank of New York Mellon e
American Express foram citados como instituições que não
precisarão de mais capital.
Os "testes de estresse" são
um conjunto de premissas para
economia dos EUA para os próximos dois anos (como PIB, desemprego etc.). A partir dos cenários, o Tesouro calculou
quanto cada banco precisará de
reforço no caixa para atravessar a atual recessão.
Nos casos de Citi e BofA, os
dois bancos foram individualmente os que mais receberam
injeções de dinheiro estatal até
agora. Foram US$ 45 bilhões
para cada um. Esses aportes foram feitos por meio da compra,
pelo Tesouro, das chamadas
"preferred stocks" dos dois
bancos -ações que oferecem
privilégios no recebimento de
dividendos, mas que não dão
direito a voto.
As "preferred stocks" podem
ser convertidas a qualquer momento em ações ordinárias, o
que cobriria toda a necessidade
de mais capital no BofA e parte
da do Citi. O Citigroup teria até
concordado com a conversão.
Se isso for feito, porém, o governo dos EUA passará a ser de
longe o maior acionista nos
dois bancos. Apenas no Citi,
com a conversão, o Estado terá
36% de participação.
Para evitar o aumento da influência estatal em seus negócios, que poderia resultar na
troca de diretores e até do presidente dos bancos, várias instituições estão considerando
vender parte dos seus negócios
ou aproveitar a onda de otimismo nas Bolsas para lançar novas ações ao público -oferecendo desconto de até 10% sobre o atual preço de mercado.
Alta de 90%
Na média, os preços das
ações dos bancos nos EUA subiram mais de 90% desde março. Isso já encorajou alguns
bancos a levantar capital no
mercado, como o Goldman
Sachs (US$ 5 bilhões) e o City
National (US$ 110 milhões).
O BofA também considera
vender o First Republic, um
banco coligado, parte de sua
participação no China Construction Bank e o fundo de investimentos Columbia Management, que administra mais
de US$ 340 bilhões em ativos.
O gigantesco fundo americano
BlackRock mostra-se interessado nesse último negócio.
Se concluídas, as vendas dessas unidades poderiam levantar cerca de US$ 12 bilhões para
o BofA. Parte do restante poderia ser obtido com a venda de
novas ações no mercado.
No primeiro trimestre de
2009, houve 37 negócios de
venda de áreas financeiras de
bancos para concorrentes. Elas
concentravam ativos de investidores de cerca de US$ 550 bilhões, valor acima dos US$ 360
bilhões registrados em 57 negócios do tipo entre janeiro e
março de 2008.
Ou seja, embora haja menos
negócios hoje, eles estão envolvendo unidades maiores.
O caso do BofA é visto com
mais cuidado pelo Tesouro dos
EUA. Na crise bancária de setembro de 2008, o banco foi
praticamente obrigado pelas
autoridades a assumir o Merrill
Lynch e a empresa de hipotecas
Countrywide Financial.
Se isso não tivesse ocorrido, o
estrago na economia com a
provável quebra dessas duas
instituições teria sido maior.
Já o Citi é um caso bem mais
difícil. Se o banco não conseguir se desfazer de várias de
suas unidades, o governo dos
EUA terá afinal que elevar a sua
participação acionária para
além do total de 36%.
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