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CARROS
Secretário, porém, condiciona volta do IPI menor à apresentação de balanços das montadoras justificando prejuízos
Governo já admite aumento de preços
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
O governo admite manter a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os
carros desde que as montadoras
justifiquem os reajustes anunciados nesta semana por meio da
apresentação dos seus balanços.
Os reajustes, que chegam a
9,98%, causaram a suspensão do
acordo emergencial do setor, que
vigorou em março e abril últimos e
reduziu em cerca de 11% o preço
dos veículos.
O secretário de Política Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar, disse ontem
que o governo "pode se tornar sensível ao aumento de preço" se as
montadoras comprovarem "de
maneira clara, convincente e auditada" que os preços anteriores serão prejudiciais ao setor.
A assessoria de imprensa da Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores) informou que "as portas foram reabertas para a negociação
com o governo".
O presidente da Anfavea, José
Carlos Pinheiro Neto, falou por telefone com Mattar na tarde de ontem e informou a ele que apresentará a proposta do secretário para
as montadoras instaladas no país.
Mattar, que representa o governo nas negociações com o setor automotivo, disse que o presidente
Fernando Henrique Cardoso
aprova a continuidade da redução
do IPI "desde que as montadoras
abram seus balanços para mostrar
os prejuízos".
As montadoras dizem que o aumento anunciado está compensando os reajustes praticados por
seus fornecedores por conta da
desvalorização do real perante o
dólar, mas não apresentaram esses
dados nas negociações.
Antes de acabar com o acordo, o
governo solicitou às montadoras
que mantivessem os preços antigos por mais 15 dias, o que permitiria uma nova rodada de negociações. Com a negativa das empresas, o governo anunciou o fim do
desconto médio de 50% no IPI.
Mattar sinalizou ainda que a carga tributária do setor automotivo
poderá ser reduzida se as montadoras e as fábricas de autopeças
decidirem aumentar o volume de
produção no país destinado ao
mercado externo.
"Mostrem que têm prejuízos
com os preços antigos, e quem sabe a gente reduz o IPI. Aumentem
a produção no país, e quem sabe a
gente reduz os impostos", disse.
Reclamação
Antes de sinalizar a retomada das
negociações com o setor automotivo, Mattar criticou as montadoras
por não terem mantido os preços
que vigoraram durante o acordo.
"O governo não entende por que
as montadoras não negociam com
os preços praticados anteriormente. Elas têm sido inflexíveis", disse.
Hélio Mattar disse que FHC se
solidarizou com os metalúrgicos
do ABC paulista que protestaram
ontem contra o fim do acordo. "O
presidente está preocupado com
um possível desemprego nesse setor", disse.
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