São Paulo, Sexta-feira, 07 de Maio de 1999
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CARROS
Secretário, porém, condiciona volta do IPI menor à apresentação de balanços das montadoras justificando prejuízos
Governo já admite aumento de preços

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

O governo admite manter a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre os carros desde que as montadoras justifiquem os reajustes anunciados nesta semana por meio da apresentação dos seus balanços.
Os reajustes, que chegam a 9,98%, causaram a suspensão do acordo emergencial do setor, que vigorou em março e abril últimos e reduziu em cerca de 11% o preço dos veículos.
O secretário de Política Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar, disse ontem que o governo "pode se tornar sensível ao aumento de preço" se as montadoras comprovarem "de maneira clara, convincente e auditada" que os preços anteriores serão prejudiciais ao setor.
A assessoria de imprensa da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) informou que "as portas foram reabertas para a negociação com o governo".
O presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto, falou por telefone com Mattar na tarde de ontem e informou a ele que apresentará a proposta do secretário para as montadoras instaladas no país.
Mattar, que representa o governo nas negociações com o setor automotivo, disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso aprova a continuidade da redução do IPI "desde que as montadoras abram seus balanços para mostrar os prejuízos".
As montadoras dizem que o aumento anunciado está compensando os reajustes praticados por seus fornecedores por conta da desvalorização do real perante o dólar, mas não apresentaram esses dados nas negociações.
Antes de acabar com o acordo, o governo solicitou às montadoras que mantivessem os preços antigos por mais 15 dias, o que permitiria uma nova rodada de negociações. Com a negativa das empresas, o governo anunciou o fim do desconto médio de 50% no IPI.
Mattar sinalizou ainda que a carga tributária do setor automotivo poderá ser reduzida se as montadoras e as fábricas de autopeças decidirem aumentar o volume de produção no país destinado ao mercado externo.
"Mostrem que têm prejuízos com os preços antigos, e quem sabe a gente reduz o IPI. Aumentem a produção no país, e quem sabe a gente reduz os impostos", disse.

Reclamação
Antes de sinalizar a retomada das negociações com o setor automotivo, Mattar criticou as montadoras por não terem mantido os preços que vigoraram durante o acordo.
"O governo não entende por que as montadoras não negociam com os preços praticados anteriormente. Elas têm sido inflexíveis", disse.
Hélio Mattar disse que FHC se solidarizou com os metalúrgicos do ABC paulista que protestaram ontem contra o fim do acordo. "O presidente está preocupado com um possível desemprego nesse setor", disse.


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