São Paulo, Sexta-feira, 07 de Maio de 1999
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Montadoras alegam prejuízo de R$ 1,3 bi

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

As quatro maiores montadoras de automóveis do país -Volkswagen, Fiat, General Motors e Ford- fecharam o primeiro trimestre deste ano com um prejuízo consolidado de R$ 1,3 bilhão.
O número foi divulgado ontem pelo presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto, para justificar a necessidade de aumentos nos preços dos veículos.
De acordo com o executivo, as quatro montadoras contrataram a empresa de consultoria Ernst & Young para auditar os resultados financeiras das empresas no primeiro trimestre.
A consultoria confirma a realização do estudo sobre as montadoras, mas não deu maiores detalhes porque o responsável pelo trabalho encontrava-se fora do país.
"No ano passado os resultados foram negativos para a maioria das empresas e 99 também", disse o presidente da Anfavea.
Pinheiro Neto disse ontem que as montadoras aceitaram reabrir negociações com o governo sobre a continuidade da redução do IPI dos automóveis e vão avaliar as exigências feitas Ministério do Desenvolvimento para a retomada das conversas.
O presidente da Anfavea, entretanto, voltou a dizer que os reajustes de preços anunciados nesta semana pelas montadoras são necessários e que não haverá recuo.
"A Anfavea está aberta para negociações, desde que os aumentos sejam mantidos", declarou.
Pinheiro Neto disse que as montadoras encontraram dificuldades, nos últimos dias de abril, em absorver os aumentos de preços dos fornecedores, já que estavam proibidas de reajustar suas tabelas.
O executivo negou que as negociações com o governo já estejam em andamento e que envolveriam medidas para beneficiar a venda de carros populares, que correspondem a aproximadamente 70% do mercado.

Confiança
A reabertura de negociações entre montadoras e governo federal foi bem recebida pelos sindicalistas. Os dirigentes, entretanto, vão continuar promovendo protestos contra os aumentos.
Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, agora é possível fechar um acordo mantendo a redução do IPI e garantindo empregos.
No entanto, diz o sindicalista, falta um gesto de boa vontade das montadoras. "O governo já fez o dele", afirmou.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), Luiz Marinho, também ficou animado com a retomada das negociações entre governo e montadoras.
"Eles precisam agora aparar as arestas, mas os trabalhadores terão que ser envolvidos na discussão no futuro", disse o sindicalista.
Paulinho e Marinho mantiveram contato telefônico ontem com o secretário de Política Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Hélio Mattar.
De acordo com relato dos sindicalistas, ele teria anunciado a intenção de reabrir negociações a pedido do presidente Fernando Henrique Cardoso.


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