São Paulo, Sexta-feira, 07 de Maio de 1999
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Anfavea e sindicalistas trocam críticas sobre reajustes e greve

da Reportagem Local

O presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto, e os sindicalistas envolvidos nas negociações para manter o acordo emergencial do setor automotivo passaram o dia de ontem trocando frases irônicas e críticas.
Pinheiro Neto justificou os aumentos dizendo que as montadoras reajustaram seus preços porque "têm o hábito de pagar contas no final do mês".
Segundo o executivo, as empresas costumam honrar seus compromissos com fornecedores e trabalhadores, sendo essa a razão para aumentar preços.
"Temos que continuar pagando os salários dos trabalhadores, do "seu" Paulinho e do "seu" Marinho", disse Pinheiro Neto, se referindo aos dirigentes sindicais que criticaram os aumentos.
Os reajustes foram motivo de protestos dos sindicatos, que organizaram ontem a paralisação das atividades em diversas fábricas no ABC paulista.
A frase irônica do presidente da Anfavea provocou reação bem-humorada dos sindicalistas.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, que continua sendo funcionário da Volkswagen, respondeu que as montadoras "têm mesmo que continuar pagando o salário dos funcionários.
Sobre o seu salário, Marinho disse que não ganha tanto assim para justificar aumentos de até 9,98% nos preços dos carros.
O presidente da Força Sindical e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que seu salário é pago pelo sindicato. Ele ganha R$ 2.200 por mês.
Os dois sindicalistas protestam contra as montadoras porque temem que os aumentos provoquem retração no mercado e, após o fim da garantia de emprego, demissões em massa.
O presidente da Anfavea disse que ainda é prematuro prever queda nas vendas. "Quem vai definir é o consumidor", disse.
O presidente da Anfavea criticou as paralisações nas fábricas promovidas ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
"Os líderes sindicais deveriam se preocupar com emprego, não com preços", afirmou Pinheiro Neto.
"Os trabalhadores também são consumidores. Se as vendas caírem, haverá demissões", retrucou Marinho. (ME)




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