São Paulo, Sexta-feira, 07 de Maio de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SETOR AUTOMOTIVO
Cerca de 15 mil trabalhadores saíram em passeata ontem na região do ABC contra os aumentos
Preço de carro leva metalúrgicos às ruas

Reportagem Local

Cerca de 15 mil metalúrgicos do ABC paulista saíram em passeata ontem para protestar contra os aumentos nos preços dos veículos anunciados pelas montadoras nesta semana.
As linhas de produção da Volkswagen, Scania, Ford e de algumas indústrias de autopeças da região foram afetadas pela manifestação e praticamente não funcionaram ontem.
Os metalúrgicos das principais indústrias do ABC começaram a se concentrar nas portas da fábricas no início do turno da manhã.
Com a chegada dos funcionários administrativos, a maior parte saiu em passeata, bloqueando a rodovia Anchieta (que liga a capital ao litoral) por mais de uma hora.
A manifestação terminou com um ato político no Paço Municipal, centro de São Bernardo do Campo.

Emprego ameaçado
Os reajustes nos preços dos automóveis inviabilizaram as negociações entre governo e indústrias para a prorrogação do acordo emergencial do setor automotivo.
O compromisso, encerrado na terça-feira passada, baixou os preços dos automóveis por meio da redução da alíquota do IPI dos automóveis.
Em contrapartida, as montadoras mantiveram seus preços por 60 dias e garantiram emprego por três meses (até início de junho).
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (CUT), Luiz Marinho, uma única demissão após esse prazo vai provocar uma greve geral.
A manifestação de ontem no ABC contou com a presença do presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, e do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com Lula, governo e montadoras não têm propostas para enfrentar o desemprego.
"O presidente Fernando Henrique Cardoso é um incompetente e os empresários não demonstram capacidade para propor alternativas", disse o líder do PT.
A Força Sindical deve realizar hoje seu protesto contra o aumento de preços dos veículos, parando a fábrica da General Motors em São Caetano do Sul por três horas. Na próxima semana, os sindicatos de metalúrgicos envolvidos com o acordo emergencial do setor automotivo prometem realizar novas manifestações.
De acordo com o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, os trabalhadores terão que continuar pressionando as montadoras e o governo por uma solução que evite demissões no setor.
Paulinho quer organizar, na próxima semana, paralisações nas fábricas de autopeças em conjunto com os metalúrgicos do ABC, além de um protesto na Assembléia Legislativa. (MAURICIO ESPOSITO)




Texto Anterior: Montadoras alegam prejuízo de R$ 1,3 bi
Próximo Texto: Anfavea e sindicalistas trocam críticas sobre reajustes e greve
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.