São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2000


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AVIAÇÃO
Para presidente da Varig, preços das ações das empresas aéreas estão muito baixos e desestimulam venda de participações
Momento é ruim para fusões, diz Ozires

Alan Marques/Folha Imagem
Amaro Rolim, da TAM,, e Oziris Silva, da Varig, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Varig, Ozires Silva, afirmou que sua empresa não fará fusões. Segundo ele, o momento não é adequado para venda de participações das companhias aéreas.
"Eu não acredito que fusões sejam a solução para o setor", disse o recém-empossado presidente da Varig, após participar, ontem, de uma audiência pública sobre aviação civil na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Desde o início da crise no setor, muitos analistas, inclusive do governo, preconizam as fusões como uma saída para o setor.
Ozires afirmou que os preços das ações das companhias aéreas brasileiras estão muito baixos. Nessas circunstâncias, os empresários não teriam interesse em vender participação. "Seria trocar muita participação por pouco dinheiro", afirmou.
Ozires, no entanto, não descartou a fusão de empresas no futuro. "Não sou contra a fusão. Mas é preciso esperar um horizonte mais promissor."
Durante a audiência, ele defendeu a criação de empresas fortes no Brasil, que possam competir em igualdade de condições com as multinacionais.

Cade
Ozires também criticou o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão responsável pelo julgamento de uniões entre empresas e acordos comerciais.
"A cada vez que queremos crescer, vêm medidas do governo que impedem isso. Eu respeito o trabalho do Cade, mas as empresas têm de crescer", afirmou. Ao deixar a comissão, ele lembrou o caso do acordo comercial entre TAM e Transbrasil, que está sendo objeto de análise no órgão.
A assessoria do Cade afirmou que o órgão julga as fusões, a partir de pareceres de outros órgãos do governo, com base na legislação de defesa econômica.
O presidente da TAM, Rolim Amaro, concordou com Ozires. Ambos apontaram a regulamentação do setor e a elevada carga tributária como responsáveis pelas dificuldades das empresas.
"Se o governo não tirasse tanto dinheiro de nós, não precisaríamos de nenhum tipo de ajuda", afirmou Ozires.
Segundo ele, com maior flexibilização das tarifas, concessão de linhas aéreas e redução da carga tributária, a Varig não vai precisar de dinheiro público para melhorar seus resultados.
Rolim afirmou que hoje as empresas não conseguem se capitalizar pelo excesso de regulamentação do setor. "Nenhum investidor vai querer colocar dinheiro num negócio no qual o preço é decidido pelo governo", disse o presidente da TAM.
Anteontem, o ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, responsável pelo desenho de uma nova regulamentação para o setor, disse que o governo não vai liberar as tarifas. (AS)



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