São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2000


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EXPLORAÇÃO
Segunda rodada de licitações, hoje, terá 44 empresas de 16 países disputando 13 blocos em terra e 10 no mar
Brasil leiloa mais 23 áreas para petróleo

CHICO SANTOS
ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

O Brasil faz hoje a sua segunda rodada de licitações para a concessão de áreas de exploração e produção de petróleo em um momento de acirrada competição internacional pelos investimentos das empresas petrolíferas, o que pode ser um fator de redução do volume de negócios.
Estarão em disputa 23 blocos exploratórios (13 em terra e 10 no mar), em nove bacias sedimentares: Amazonas, Camamu-Almada (BA), Campos (RJ), Pará-Maranhão, Paraná, Potiguar (RN), Recôncavo (BA), Santos (RJ, SP, PR e SC) e Sergipe-Alagoas.
Estão na disputa de hoje 44 empresas de 16 países. No ano passado eram 38 empresas, de 12 países. Os preços mínimos por bloco são de US$ 100 mil, US$ 200 mil e US$ 300 mil, dependendo da atratividade.
A competição internacional neste ano, segundo o próprio diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), David Zylbersztajn, está mais acirrada do que na época da rodada de licitações de junho do ano passado. A ANP é a responsável pelas licitações.
No pólo positivo das expectativas, segundo Zylbersztajn, está o fato de o Brasil ter sido o palco de um terço das pesquisas sísmicas realizadas nos últimos 12 meses, o que é um sinal de interesse. Outro ponto favorável, segundo ele, é que as empresas estão mais capitalizadas, fruto da alta de preço do petróleo.

"Meteorologia boa"
Zylbersztajn disse que não dá para arriscar uma previsão, mas acrescentou que "a meteorologia está boa", usando uma imagem climática para representar sua expectativa.
Havia ontem no mercado a expectativa de que a grande ausente nos leilões de hoje fosse a italiana Agip, maior vencedora do leilão do ano passado entre as concorrentes da estatal Petrobras. O motivo da ausência seria a necessidade de a empresa consolidar seus investimentos no país na área de distribuição de combustíveis.
No ano passado a Agip arrematou por R$ 134,16 milhões (ágio de 53.565% sobre o preço mínimo) o bloco 4 da bacia de Santos. Sozinha ou em parcerias, a empresa ganhou 4 dos 12 blocos que tiveram disputa entre os 27 licitados.

Regras claras
"As condições internas são muito mais favoráveis. Por outro lado, há uma competição de oportunidades muito maior no mundo todo", disse o consultor Jean Paulo Prates, sócio da consultoria Expetro e do escritório de advogados Prates & Carneiro, especializados no setor.
Prates diz que as regras do mercado brasileiro estão mais claras -questão um tanto quanto cinzenta para muitas empresas na primeira rodada- e que a flexibilização de algumas exigências também vai facilitar e atrair mais interessados.
Segundo ele, os programas mínimos exploratórios para áreas em terra estão mais maleáveis. A empresa vencedora não precisa necessariamente fixar quantos poços irá perfurar nessa fase.
"Isso não quer dizer que vai haver interessados aos borbotões", disse. Para ele, se pelo menos cinco novas empresas entrarem no mercado, o leilão terá sido bem-sucedido.

Perfurações
Ivan Simões de Araújo Filho, superintendente de Promoção de Licitações, informou que as perfurações de poços pelas empresas habilitadas a operar no Brasil na primeira rodada de licitações deverão começar em poucos meses.
As empresas têm de dois a quatro anos para fazer as pesquisas sísmicas e então perfurar algum poço. Durante esse período, elas podem até desistir do negócio e devolver as áreas à ANP.
Segundo o executivo da agência, várias empresas já estão com pedidos de licença para as perfurações encaminhados ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Para o leilão de hoje, poucas empresas declararam interesse em parcerias abertamente. Apenas sete optaram por usar o site da ANP (http://www.anp.gov.br) para agilizar os contatos com possíveis sócios: a Petrobras, a Queiroz Galvão Perfurações, a Enterprise Oil do Brasil, a PanCanadian Petroleum, a Canadian Hunter Exploration, a Chinese Petroleum Corporation e a Wintershall Aktiengesellschaft.
A ANP não divulga quais nem quantas empresas das 44 habilitadas depositaram as garantias financeiras necessárias para participar das licitações.
As cauções exigidas eram de US$ 100 mil para áreas terrestres maduras (antigas) e de US$ 500 mil para as demais áreas marítimas e algumas terrestres.



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