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VEÍCULOS
Queda nas vendas e na produção é a maior desde o início de 2001; exportações também recuam, afirma Anfavea
Montadoras têm retração recorde em maio
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Maio foi um dos piores meses para a indústria automobilística desde o início de 2001. Vendas, produção e exportação caíram em relação ao ano anterior. Apenas nos meses de agosto, novembro e dezembro de 2001 e março
de 2002 foi constatada queda conjunta desses indicadores, segundo
levantamento feito pela Folha.
Nesses quatro meses, entretanto,
a retração nunca foi tão abrupta
como em maio.
No mês passado, as vendas caíram 26,7% e a produção teve queda de 18,8% em relação a maio de
2001, informou ontem a Anfavea
(Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Ao analisar o desempenho dos
piores meses de 2001 e 2002, o "recorde" era de março, quando a
produção registrou retração de
13,3% e as vendas caíram 19,2%
sobre março de 2000. Agora, maio
mostrou-se ainda pior.
"Acreditamos que em junho isso ainda não melhora. Reação só a
partir de julho", afirmou Ricardo
Carvalho, presidente da Anfavea.
"Renda em queda, juros muito
elevados e esse clima de incerteza
só atrapalharam o setor", disse.
Resultado: os estoques aumentaram nas montadoras. Há 162,6
mil carros parados nos pátios
-41 dias de produção. Em abril,
eram mais de 150 mil. O número
ainda é menor do que o apurado
em anos difíceis -no final de 98
existiam 184 mil unidades nos pátios. Mas a Anfavea constata o aumento do último mês.
Os dados mostram ainda que
caiu mais o número de trabalhadores no setor. A indústria empregava 94,4 mil pessoas no último mês, sendo que em maio de
2001 o número chegava a 96,4 mil.
Ou seja: 2.000 trabalhadores a
menos. Para contornar o problema da queda na demanda, férias
foram antecipadas e há montadoras fazendo banco de horas para
os empregados da produção.
A Anfavea afirma, entretanto,
que nas comparações mês a mês
há dados positivos. Em maio, por
exemplo, foram contratadas 200
pessoas a mais do que em abril.
Grande parte dessa mão-de-obra não foi contratada para a linha de carros populares. Até porque a venda desses automóveis
despencou em maio. Foram 68,5
mil unidades, 22,7% a menos do
que em maio do ano passado.
Ricardo Carvalho, presidente
da Anfavea, não acredita que a
venda de carros possa crescer neste mês, após a fuga de recursos
dos fundos de investimento nas
últimas semanas. Para ele, o automóvel não é visto como um ativo
de retorno a longo prazo. Logo, as pessoas não usariam o dinheiro
para fazer compras.
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