São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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VEÍCULOS

Queda nas vendas e na produção é a maior desde o início de 2001; exportações também recuam, afirma Anfavea

Montadoras têm retração recorde em maio

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Maio foi um dos piores meses para a indústria automobilística desde o início de 2001. Vendas, produção e exportação caíram em relação ao ano anterior. Apenas nos meses de agosto, novembro e dezembro de 2001 e março de 2002 foi constatada queda conjunta desses indicadores, segundo levantamento feito pela Folha. Nesses quatro meses, entretanto, a retração nunca foi tão abrupta como em maio.
No mês passado, as vendas caíram 26,7% e a produção teve queda de 18,8% em relação a maio de 2001, informou ontem a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Ao analisar o desempenho dos piores meses de 2001 e 2002, o "recorde" era de março, quando a produção registrou retração de 13,3% e as vendas caíram 19,2% sobre março de 2000. Agora, maio mostrou-se ainda pior.
"Acreditamos que em junho isso ainda não melhora. Reação só a partir de julho", afirmou Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea. "Renda em queda, juros muito elevados e esse clima de incerteza só atrapalharam o setor", disse.
Resultado: os estoques aumentaram nas montadoras. Há 162,6 mil carros parados nos pátios -41 dias de produção. Em abril, eram mais de 150 mil. O número ainda é menor do que o apurado em anos difíceis -no final de 98 existiam 184 mil unidades nos pátios. Mas a Anfavea constata o aumento do último mês.
Os dados mostram ainda que caiu mais o número de trabalhadores no setor. A indústria empregava 94,4 mil pessoas no último mês, sendo que em maio de 2001 o número chegava a 96,4 mil. Ou seja: 2.000 trabalhadores a menos. Para contornar o problema da queda na demanda, férias foram antecipadas e há montadoras fazendo banco de horas para os empregados da produção.
A Anfavea afirma, entretanto, que nas comparações mês a mês há dados positivos. Em maio, por exemplo, foram contratadas 200 pessoas a mais do que em abril.
Grande parte dessa mão-de-obra não foi contratada para a linha de carros populares. Até porque a venda desses automóveis despencou em maio. Foram 68,5 mil unidades, 22,7% a menos do que em maio do ano passado.
Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea, não acredita que a venda de carros possa crescer neste mês, após a fuga de recursos dos fundos de investimento nas últimas semanas. Para ele, o automóvel não é visto como um ativo de retorno a longo prazo. Logo, as pessoas não usariam o dinheiro para fazer compras.



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