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PÚBLICO E PRIVADO
Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal contribuíram com repasse de R$ 1,150 milhão
Estatais patrocinam o congresso da CUT
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Três empresas estatais -Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal- patrocinaram
parte do 8º Congresso Nacional
da CUT, com um repasse de R$
1,150 milhão. O custo estimado do
evento é de R$ 4 milhões, segundo
informou a direção da central.
O congresso da CUT, que acontece no pavilhão de convenções
do Anhembi, em São Paulo, tem
como objetivo aprovar resoluções
que definem os passos da central,
além de eleger hoje sua nova diretoria para os próximos três anos.
As cotas de patrocínio foram
conseguidas com essas três empresas pela primeira vez. Mas,
desde seus primeiros congressos,
a CUT informou que obtém apoio
financeiro de estatais.
"Obtivemos patrocínio do Banespa no congresso de 2000. Tivemos ajuda de prefeituras e de governos estaduais em congressos
anteriores. Em 88, a ajuda veio do
governo do PMDB", diz o secretário financeiro da CUT, João Vaccari Neto.
Para lideranças da central, o patrocínio de empresas públicas não
causa "constrangimento" nem
transforma o congresso em um
evento "chapa-branca" -apesar
de o principal tema discutido durante a programação ter sido a autonomia da CUT em relação ao
governo Lula.
Correntes de esquerda cobraram da central, durante o evento,
um posicionamento mais crítico
em relação ao governo Lula e às
propostas de reforma, principalmente a previdenciária.
"Na verdade o que ocorreu foi a
democratização dos recursos que,
no governo FHC, eram repassados para determinados setores",
disse Vaccari, sem detalhar quem
eram esses setores. "A decisão de
buscar patrocínio foi aprovada
por unanimidade na Executiva da
CUT. Essas empresas pertencem
à sociedade", afirmou Vaccari.
Para o secretário da CUT, o patrocínio não pode ser comparado
ao obtido pela Força Sindical durante o 1º de Maio. "Esse é um
evento interno, não é para o público. Além disso, na Força, a ajuda vem de empresas privadas que
inclusive doam prêmios para serem sorteados."
Para Jorge Luís Martins, candidato da oposição na disputa com
Luiz Marinho à presidência da
CUT, o patrocínio pode causar
embaraço "aos olhos da sociedade", mas significa "uma intersecção de interesses".
"As empresas querem divulgar
suas marcas, ampliar seus contatos com uma rede de mais de
3.000 sindicatos. A central busca
apoio para poder fazer com que
mais de 2.700 delegados de todo o
país participem do congresso da
CUT", disse.
As três empresas que patrocinaram parte do congresso da CUT
informaram que o apoio faz parte
da política de divulgação e marketing das companhias. Em contrapartida à ajuda financeira, as empresas puderam exibir suas logomarcas em banners, outdoors e
em material impresso, além de
montar estandes de prestação de
serviço no local do evento.
No caso do BB, foram repassados R$ 250 mil, por meio da BB
Turismo, para cobrir gastos com
hospedagens de parte dos 2.735
delegados sindicais presentes ao
congresso.
No local, o BB divulgou em seu
estande produtos para pessoas físicas (seguros, por exemplo) e jurídicas (orientação sobre programas de geração de renda e agricultura familiar). Para os sindicalistas estrangeiros, disponibilizou
serviços de câmbio.
No caso da Caixa, o repasse foi
de R$ 200 mil, informou a assessoria de imprensa do banco. O
objetivo foi divulgar um novo
produto lançado pela instituição
no mês passado e dirigido para a
população de baixa renda -a
"Conta Caixa Aqui".
O coordenador regional de comunicação da Petrobras, José
Aparecido Barbosa, disse que a
cota solicitada pela CUT foi de R$
1 milhão, mas o repasse aceito pela companhia ficou em R$ 700
mil. "Divulgamos ações sociais da
empresa. Foi a primeira vez que
recebemos a demanda da CUT."
O BB e a Petrobras informaram
que neste ano patrocinaram outros eventos com caráter social,
como o Fórum Social Mundial,
que ocorreu em Porto Alegre.
A Caixa e a Petrobras compraram cotas para divulgar suas marcas no evento do 1º de Maio da
Força. A Caixa repassou R$ 300
mil para a Força e R$ 40 mil para o
Congresso Nacional da CGT
(Confederação Geral dos Trabalhadores).
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