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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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VIZINHO EM CRISE

Débitos alcançam US$ 144,4 bilhões

Em setembro, Argentina planeja iniciar negociação com credores

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino começou a planejar a reestruturação de sua dívida. As negociações com credores, segundo o ministro da Economia, Roberto Lavagna, terão início em setembro. Se concluída, será a maior reestruturação de dívida da história do país.
A intenção do governo é reprogramar pagamentos com prazos mais longos. Lavagna disse ainda que o Ministério da Economia contratou consultores internacionais para conduzir a negociação e estudar mecanismos que permitam atrelar o pagamento ao nível de crescimento da economia.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina cresceu 5,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
"O processo [de renegociação da dívida] já começou. A maneira como será feita, no entanto, dependerá da experiência para manejar a reestruturação de uma dívida ampla e complexa como a da Argentina, que não é ampla apenas no montante, mas também pela multiplicidade de papéis que estão com os credores", afirmou o ministro Lavagna.
As estimativas são de que existam mais de 150 bônus diferentes emitidos pelo governo argentino espalhados por todo o mundo.
A Argentina decretou a moratória de sua dívida em janeiro de 2002, após a crise que levou à renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa e à passagem de outros quatro presidentes pela Casa Rosada (sede do governo). O pedido de "default" veio com o fim da paridade cambial entre o peso e o dólar, implantada em 1991.
Estudo elaborado pelo economista Guillermo Mondino para as consultorias Macro Vision e Latin Source mostra que a dívida externa da Argentina é de US$ 144,4 bilhões. "Esse valor, no entanto, sobe para US$ 168,5 bilhões se considerarmos a parcela da dívida das Províncias que foi nacionalizada", afirma.
A reestruturação da dívida argentina é considerada prioridade para a maioria dos economistas que vêem a saída da moratória como melhor alternativa para que o país volte a atrair investimentos.
Ontem, o ministro Lavagna esteve reunido com a missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) que está no país para revisar o acordo provisório assinado em janeiro deste ano. Segundo o ministro, o Fundo deve divulgar o resultado do encontro nos próximos dias.
O governo argentino quer renovar o acordo, que vence em agosto, por mais cinco ou seis meses e retomar as negociações e fechar um financiamento de longo prazo a partir do primeiro trimestre de 2004.


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