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VIZINHO EM CRISE
Débitos alcançam US$ 144,4 bilhões
Em setembro, Argentina planeja iniciar negociação com credores
ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES
O governo argentino começou a
planejar a reestruturação de sua
dívida. As negociações com credores, segundo o ministro da
Economia, Roberto Lavagna, terão início em setembro. Se concluída, será a maior reestruturação de dívida da história do país.
A intenção do governo é reprogramar pagamentos com prazos
mais longos. Lavagna disse ainda
que o Ministério da Economia
contratou consultores internacionais para conduzir a negociação e
estudar mecanismos que permitam atrelar o pagamento ao nível
de crescimento da economia.
No primeiro trimestre deste
ano, o PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina cresceu 5,2% em
relação ao mesmo período do ano
passado.
"O processo [de renegociação
da dívida] já começou. A maneira
como será feita, no entanto, dependerá da experiência para manejar a reestruturação de uma dívida ampla e complexa como a da
Argentina, que não é ampla apenas no montante, mas também
pela multiplicidade de papéis que
estão com os credores", afirmou o
ministro Lavagna.
As estimativas são de que existam mais de 150 bônus diferentes
emitidos pelo governo argentino
espalhados por todo o mundo.
A Argentina decretou a moratória de sua dívida em janeiro de
2002, após a crise que levou à renúncia do ex-presidente Fernando de la Rúa e à passagem de outros quatro presidentes pela Casa
Rosada (sede do governo). O pedido de "default" veio com o fim
da paridade cambial entre o peso
e o dólar, implantada em 1991.
Estudo elaborado pelo economista Guillermo Mondino para as
consultorias Macro Vision e Latin
Source mostra que a dívida externa da Argentina é de US$ 144,4 bilhões. "Esse valor, no entanto, sobe para US$ 168,5 bilhões se considerarmos a parcela da dívida
das Províncias que foi nacionalizada", afirma.
A reestruturação da dívida argentina é considerada prioridade
para a maioria dos economistas
que vêem a saída da moratória como melhor alternativa para que o
país volte a atrair investimentos.
Ontem, o ministro Lavagna esteve reunido com a missão do
FMI (Fundo Monetário Internacional) que está no país para revisar o acordo provisório assinado
em janeiro deste ano. Segundo o
ministro, o Fundo deve divulgar o
resultado do encontro nos próximos dias.
O governo argentino quer renovar o acordo, que vence em agosto, por mais cinco ou seis meses e
retomar as negociações e fechar
um financiamento de longo prazo
a partir do primeiro trimestre de
2004.
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