SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Guido Mantega (Fazenda) incluiu no seu roteiro de viagem para a Rússia, onde participará de uma reunião de ministros da Fazenda, uma parada na França para discutir um tema que tem causado polêmica dentro do governo: o desejo brasileiro de se tornar membro do Clube de Paris. O grupo, criado em 1956 durante a primeira crise argentina, é formado por 19 países que têm dívidas a receber de outras economias em dificuldades financeiras.
Durante muito tempo, o Brasil foi um dos grandes devedores, apesar de também ter créditos a receber de países como Nigéria, Moçambique e El Salvador. No final do ano passado, o governo brasileiro anunciou que iria quitar antecipadamente seus débitos que venceriam em 2007 e, agora, quer estar apenas na cadeira de credor.
Mas o assunto vem sendo tratado com certa reserva. Parte da área econômica ainda não está convencida das vantagens em ingressar no Clube de Paris, já que, como credor, o governo participa das negociações para perdão e abatimento de dívidas.
No início de maio, o secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Luiz Pereira, esteve em Paris fazendo algumas sondagens. O processo para o Brasil se tornar membro ainda gera dúvidas. Para alguns, o país teria que ser convidado e corre o risco de um "não" nessa tentativa. Nesse caso, seria muito ruim para a imagem brasileira.
Os defensores da idéia argumentam que o ingresso do país traria não somente o status de estar junto das economias industrializadas negociando a dívida de outros países e dando a sua opinião mas também poderia abrir portas ao melhorar a avaliação do Brasil pelos investidores externos. Hoje, Mantega discutirá o assunto numa reunião fechada na embaixada brasileira em Paris.


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