São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2000


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ELETRODOMÉSTICOS
Ponto Frio e Casas Bahia tentam, em leilão, arrematar Disapel
Comércio vê disputa acirrada no PR

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ponto Frio e Casas Bahia, as duas maiores redes de eletrodomésticos do país, estão disputando, em leilão, os 83 pontos da Disapel, rede com sede no Paraná que está em processo de falência.
Há duas semanas, o Ponto Frio conseguiu autorização da Justiça para fazer uma oferta -de R$ 4,8 milhões- pelos pontos da Disapel. Só que, pouco antes de fechar o negócio, na última segunda-feira, a Casas Bahia apareceu para oferecer o dobro (R$ 9,6 milhões).
Na quarta-feira, o Ponto Frio aumentou o valor para R$ 11 milhões. "A Justiça vai decidir. Os pontos agora deverão ir a leilão", afirma Eduardo Koehler, diretor-executivo do Ponto Frio.
A disputa entre a Casas Bahia e o Ponto Frio pela venda de eletrodomésticos é parecida com a do Carrefour e do Pão Açúcar no ramo de supermercados. Um está sempre na cola do outro para acompanhar e, por que não, para evitar, os planos de expansão do concorrente. Todos eles querem ser o número um nos seus setores.
Com a compra dos pontos da Disapel, o Ponto Frio pode dar uma arrancada. A previsão da rede é faturar cerca de R$ 2,5 bilhões neste ano. A Disapel chegou a vender R$ 350 milhões anuais.
A Casas Bahia é a primeira na venda de eletrodomésticos no país. A rede faturou R$ 2,4 bilhões no ano passado e prevê chegar a R$ 3 bilhões neste ano. A Casas Bahia tem 285 lojas, 20 lojas a mais do que o Ponto Frio.
A disputa pela Disapel, segundo analistas de varejo, está acirrada porque o preço dos pontos está baixo, devido ao processo de falência da rede. Um empresário do setor eletroeletrônico diz que os pontos da Disapel valem, no mínimo, três vezes mais do que o valor da última oferta do Ponto Frio, de R$ 11 milhões.
E isso não acontece apenas com esse caso. Outras redes que estão em concordata ou em dificuldades financeiras estão sendo assediadas pela Casas Bahia e pelo Ponto Frio, que devem liderar o processo de concentração na venda de eletrodomésticos.
O Ponto Frio quer expandir os seus negócios especialmente em São Paulo e na região Sul do país. Para crescer, por meio de aquisições e abertura de novas lojas, a rede reservou R$ 20 milhões.
"Mas se aparecer um negócio bom, podemos gastar mais do que isso", afirma Koehler. Segundo ele, o Ponto Frio quer terminar este ano com 280 lojas.
A Casas Bahia não vai ficar parada. A empresa continua de olho em redes menores e quer abrir novos pontos. A estratégia é não só manter a liderança como também aumentar a distância do segundo colocado.
Quem não está gostando dessa disputa entre Casas Bahia e Ponto Frio é a indústria de eletroeletrônicos. Depender de poucas redes para comercializar seus produtos significa estar nas mãos de poucos e ter pouco poder de negociação- por exemplo, de preços.


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