São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Na disputa por investimento externo, setor exportador ganha e o de tecnologia perde

DA REPORTAGEM LOCAL

Os setores industriais nos quais o Brasil apresenta grande vantagem competitiva no exterior foram os que mais se beneficiaram da entrada de IED (Investimento Estrangeiro Direto) no país em 2006, em detrimento dos segmentos de produtos de média e alta tecnologia, como equipamentos de comunicação e de informática.
"Estamos perdendo em tudo o que exige valor agregado, tecnologia e conhecimento. Vivemos uma especialização regressiva da indústria", afirma o economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ressalta que os investimentos estrangeiros estão concentrados nas indústrias com boa inserção no mercado internacional, beneficiadas pela forte demanda que vem de fora, especialmente da China.
Os segmentos de metalurgia básica, que inclui siderurgia, e o de celulose e papel lideraram a lista em 2006: ambos absorveram 40% dos US$ 8,74 bilhões em IED destinados à indústria.
A metalurgia é favorecida pela grande oferta de minério de ferro no Brasil, enquanto a indústria de papel e celulose ganha competitividade por usar como matéria-prima o eucalipto, cortado em tempo menor do que árvores utilizadas por indústrias de outros países.
Enquanto o investimento nesses dois setores cresceu 648,4% em 2006, para US$ 3,51 bilhões, o destinado à fabricação de material eletrônico e aparelhos de comunicação diminuiu 18%, para US$ 325 milhões. O IED neste segmento chegou a atingir US$ 1,17 bilhão em 2001, caiu para US$ 543,7 milhões em 2002 e nunca mais superou US$ 400 milhões.
O destino do IED no Brasil sofreu profunda mudança a partir dos anos 90, com aumento do peso do setor de serviços, diz o economista Alexander Xavier. Em 1995, a indústria respondia por 67% do estoque de investimento estrangeiro direto no país. O segmento de serviços tinha 31% e o agropecuário e extrativista, 2%.
Dez anos depois, a parcela da indústria havia encolhido para 38% do estoque, enquanto a de serviços se expandiu para 58%, segundo dados da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais).
Nesse período, houve privatizações nos setores de telecomunicações, de eletricidade e bancário, mas também uma migração global de investimentos da indústria para o setor de serviços, afirma Xavier. (CT)


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