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Na disputa por investimento externo, setor exportador ganha e o de tecnologia perde
DA REPORTAGEM LOCAL
Os setores industriais nos
quais o Brasil apresenta grande
vantagem competitiva no exterior foram os que mais se beneficiaram da entrada de IED (Investimento Estrangeiro Direto) no país em 2006, em detrimento dos segmentos de produtos de média e alta tecnologia, como equipamentos de comunicação e de informática.
"Estamos perdendo em tudo
o que exige valor agregado, tecnologia e conhecimento. Vivemos uma especialização regressiva da indústria", afirma o
economista Antônio Corrêa de
Lacerda, professor da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), ressalta que os investimentos estrangeiros estão
concentrados nas indústrias
com boa inserção no mercado
internacional, beneficiadas pela forte demanda que vem de
fora, especialmente da China.
Os segmentos de metalurgia
básica, que inclui siderurgia, e o
de celulose e papel lideraram a
lista em 2006: ambos absorveram 40% dos US$ 8,74 bilhões
em IED destinados à indústria.
A metalurgia é favorecida pela grande oferta de minério de
ferro no Brasil, enquanto a indústria de papel e celulose ganha competitividade por usar
como matéria-prima o eucalipto, cortado em tempo menor do
que árvores utilizadas por indústrias de outros países.
Enquanto o investimento
nesses dois setores cresceu
648,4% em 2006, para US$ 3,51
bilhões, o destinado à fabricação de material eletrônico e
aparelhos de comunicação diminuiu 18%, para US$ 325 milhões. O IED neste segmento
chegou a atingir US$ 1,17 bilhão
em 2001, caiu para US$ 543,7
milhões em 2002 e nunca mais
superou US$ 400 milhões.
O destino do IED no Brasil
sofreu profunda mudança a
partir dos anos 90, com aumento do peso do setor de serviços,
diz o economista Alexander
Xavier. Em 1995, a indústria
respondia por 67% do estoque
de investimento estrangeiro direto no país. O segmento de
serviços tinha 31% e o agropecuário e extrativista, 2%.
Dez anos depois, a parcela da
indústria havia encolhido para
38% do estoque, enquanto a de
serviços se expandiu para 58%,
segundo dados da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos
de Empresas Transnacionais).
Nesse período, houve privatizações nos setores de telecomunicações, de eletricidade e
bancário, mas também uma
migração global de investimentos da indústria para o setor de
serviços, afirma Xavier.
(CT)
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