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Cresce remessa de lucros pela indústria
Empresas estrangeiras do setor enviaram às matrizes US$ 3,6 bi de janeiro a maio, 65,8% a mais que no mesmo período de 2006
Atividades de metalurgia e automobilística lideram o ranking, com envios de
US$ 1,465 bilhão nos cinco primeiros meses do ano
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
As empresas estrangeiras
que atuam no setor industrial
brasileiro ampliaram em 65,8%
o valor de lucros e dividendos
que enviaram ao exterior neste
ano, enquanto encolheram as
remessas das companhias de
serviços, justamente as que
concentram a maior quantidade de IED (Investimento Estrangeiro Direto) no país.
Os setores campeões no envio de lucros ao exterior foram
o de metalurgia básica, que inclui siderurgia, e o automotivo,
que deve ter recorde de vendas
neste ano. Juntos, os dois segmentos responderam por 27%
das remessas até maio -o equivalente US$ 1,465 bilhão.
Apesar das queixas da indústria em relação à perda de competitividade externa provocada
pela valorização do real, o setor
tem registrado participação no
envio de lucros e dividendos
bem superior à sua fatia no recebimento de IED.
Nos cinco primeiros meses
do ano, a indústria remeteu
US$ 3,6 bilhões, o equivalente a
66,1% do total. No mesmo período, o setor recebeu 37% dos
US$ 10,68 bilhões de investimentos que entraram no país
(valores brutos, sem desconto
dos investimentos brasileiros
realizados no exterior).
A mesma discrepância ocorreu no ano passado, quando o
setor industrial foi responsável
por 52% das remessas, apesar
de ter recebido 38,5% do IED
que entrou no país. O segmento
de serviços ficou com 54,5%
dos investimentos e 46% das
remessas. O restante foi ocupado por atividades agropecuárias e extrativistas.
Serviços
A principal explicação dos
economistas para o grande peso da indústria nas remessas é o
fato de esses investimentos serem mais antigos que os realizados no setor de serviços. Com
presença consolidada, são empresas que precisam reinvestir
menos para garantir sua presença no mercado, dizem.
"A participação estrangeira
nos serviços é mais recente,
posterior às privatizações, e
ainda está se expandindo", observa Edgar Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento Industrial). A indústria
automobilística, por exemplo,
começou a se instalar no Brasil
há cinco décadas. A de alimentos, que aumentou suas remessas em 100,4%, é outra com
longa presença no país.
Além disso, parte do investimento está concentrada em setores que vêm apresentando
boa rentabilidade, ressalta o
economista Antônio Corrêa de
Lacerda, professor da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Se reduz a competitividade
dos produtos brasileiros no exterior, a valorização do real
também aumenta os lucros das
empresas estrangeiras em dólares, o que é outro fator de estímulo às remessas.
O economista Alexander Xavier, especializado em contas
externas, diz que houve um
boom na remessa de lucros em
2006, com US$ 11,54 bilhões
enviados às matrizes pelas empresas estrangeiras instaladas
no país, uma alta de 27,3% em
relação a 2005.
No período de janeiro a maio
de 2007 houve novo aumento:
as remessas somaram US$ 5,45
bilhões, 24% acima do valor registrado em igual período do
ano passado. Esses valores excluem as operações inferiores a
US$ 1 milhão, que são desconsideradas pelo Banco Central na
divisão das operações por setores da economia.
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