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FINANÇAS
Atualmente, há "sobra" de dinheiro no mercado
Compulsório mais baixo não deve elevar total de crédito, diz analista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A redução da alíquota do compulsório, se confirmada, pode ter
efeito contrário ao desejado pelo
Banco Central, pelo menos num
primeiro momento.
No lugar de aumentar o repasse
para o crédito, as instituições financeiras poderão aplicar mais
em dólar, o que pressionaria para
cima a cotação da moeda, segundo avaliação feita por economistas ouvidos pela Folha.
Hoje há no mercado financeiro
"sobra" considerável de dinheiro,
ou liquidez. As instituições deixam em seu caixa diariamente
certa quantia de recursos. Parte é
usada para cobrir necessidades
operacionais, como saques feitos
por clientes.
Mas, nas últimas semanas,
quantia significativa dessa "sobra" poderia ser direcionada também para outras finalidades, como no repasse de crédito ou na
aplicação em títulos públicos. Porém isso não tem ocorrido.
Enxugamento
No mês de julho, o Banco Central "retirou" do mercado cerca de
R$ 30 bilhões por semana por
meio das chamadas operações
compromissadas.
São dois tipos de operação. Na
maior delas, realizada sempre às
quartas-feiras, o Banco Central
toma emprestado o dinheiro dos
bancos com o compromisso de
desfazer a transação duas semanas depois. Nessa operação, o
Banco Central remunera o dinheiro do emprestador à taxa básica de juros da economia (Selic,
hoje em 24,5% ao ano).
No dia 16 do mês passado, por
exemplo, o Banco Central recolheu R$ 28,9 bilhões por meio desse tipo de operação.
A outra modalidade é conhecida como nivelamento da liquidez
bancária. Ao final do dia, o Banco
Central toma emprestado ou empresta aos bancos quando identifica sobra ou falta de recursos no
mercado. Em julho, a sobra foi
considerável quase todos os dias.
Nessa operação, o BC devolve o
dinheiro dois dias depois.
Para não incentivar os bancos a
recorrer a esse segundo mecanismo, o Banco Central remunera o
capital das instituições a uma taxa
mais baixa do que a Selic. Mesmo
assim, na semana do dia 14 ao dia
18 do mês passado, por exemplo,
o Banco Central recolheu R$
15,862 bilhões por esse instrumento pagando taxa 0,3 ponto
percentual menor do que a Selic.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, o fraco desempenho da
economia não tem incentivado os
bancos a aumentar a oferta de financiamentos e empréstimos, devido ao receio de inadimplência.
Assim, dizem os especialistas, as
instituições financeiras não teriam estímulo para elevar a concessão de crédito agora. Do contrário, a liquidez do mercado estaria menor.
No começo do mês passado, o
Banco Central voltou atrás em
medidas que haviam sido tomadas em outubro de 2002 para reduzir a disponibilidade de recursos dos bancos para operar com
dólar. Na prática, o Banco Central
permitiu no mês passado que os
bancos passassem a investir em
câmbio o dobro do que operavam
antes.
Assim, com o corte do compulsório, os bancos teriam mais recursos disponíveis para operar
com câmbio. Em um cenário de
esperada queda da taxa Selic, o
dólar se torna atrativo.
(LEONARDO SOUZA)
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