São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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ALÍVIO?

Piva vê margem para antecipar investimento; programa de portos é criticado

"Não dá para reclamar", diz Fiesp; CNI vê "marco" positivo

DO ENVIADO ESPECIAL
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pacote tributário anunciado ontem surtiu o efeito desejado sobre a indústria. As medidas chegaram a ser classificadas como um "marco" no relacionamento entre indústria e governo. Representantes do setor agrícola, por outro lado, consideraram o incentivo para modernização dos portos insuficiente.
"Não dá para reclamar", afirmou o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, em Belo Horizonte para o anúncio do pacote. "Quando você sente que o governo está atuando dentro de um determinado sentido, e é isso o que está acontecendo com esse tipo de medida que está sendo anunciada hoje [ontem], você antecipa decisão de investimento, que é a única forma de haver investimento sustentado."
Ele ressaltou, no entanto, que há questões a serem resolvidas, como os elevados "spreads" bancários (diferença entre o custo do dinheiro para instituições financeiras e o custo na ponta).
"Essa reunião é um marco no relacionamento do setor empresarial com o governo", disse o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro Neto. "Criar medidas que estimulem investimentos em todas essas áreas é central para o crescimento econômico."
A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e a Abdib (Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base) divulgaram notas em que elogiaram o pacote lançado pelo governo.
Para Júlio Gomes de Almeida, diretor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o governo está tentando compensar com o pacote um aumento excessivo da Cofins.
"Colocando na balança, não compensa", afirmou Almeida. Mesmo assim, segundo o diretor do Iedi, as mudanças nas regras de tributação das aplicações financeiras e das operações com títulos imobiliários foram "muito positivas".

Insuficiente
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) considerou o Reporto, programa anunciado ontem para a modernização de portos, insuficiente para estimular os investimentos em infra-estrutura portuária.
"Infelizmente, da forma como foi anunciado, o Reporto não vai atingir seus objetivos centrais", afirmou, por meio de nota, Luiz Antônio Fayet, consultor da entidade para logística e transporte.
Segundo Fayet, o prazo de vigência das isenções fiscais previsto no programa (final de 2005, podendo ser prorrogado por mais um ano) é incompatível com as necessidades do setor. "É um prazo incompatível com os investimentos portuários, o que não dá a segurança de que o setor precisa. Em infra-estrutura não se imaginam prazos com menos de 18 meses", diz o consultor.
Ainda segundo a CNA, o Reporto só oferece vantagens para investimentos em máquinas e equipamentos portuários, o que não seria suficiente para a modernização do setor. Fayet afirma que a proposta da CNA para os portos previa benefícios para quaisquer investimentos na zona portuária, incluindo material de navegação, e para investimentos em aeroportos. "A medida é superficial, sem uma visão estratégica de longo prazo", afirma Fayet.


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