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Funcionários da Ford
entram em greve na BA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Seis dias depois de começarem a
trabalhar em três turnos, os funcionários da Ford em Camaçari
(BA) entraram em greve ontem
por tempo indeterminado, com a
reivindicação única de reduzir a
semanal da jornada de trabalho,
de 44 horas para 36 horas.
Segundo a própria empresa, a
adesão ao movimento foi total em
seu primeiro dia. Somente com a
implantação do terceiro turno, a
montadora gerou 2.100 empregos
diretos -700 na Ford, 1.000 nas
27 indústrias automotivas instaladas no complexo e 400 nas empresas que trabalham com atividades afins à produção de carros
-transporte, saúde, segurança
patrimonial, segurança industrial
e serviços em geral.
"Não queremos ser escravos do
trabalho. Trabalhamos em um
país capitalista, mas temos obrigações com milhares de brasileiros que estão desempregados.
Com a redução da jornada, a empresa será obrigada a contratar ao
menos mais 700 funcionários",
disse Hélio Soares, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia.
Desde a inauguração, em outubro de 2001, o complexo da Ford
em Camaçari absorveu investimentos de US$ 1,9 bilhão -US$
1,2 bilhão só para montar a fábrica. Os outros US$ 700 milhões foram investidos nas empresas que
fornecem peças à montadora.
Os modelos produzidos em Camaçari (Fiesta e EcoSport) também são exportados para a Argentina, o Equador, a Colômbia, a
Venezuela e o México. Com o novo turno de trabalho, a Ford pretende ampliar de 138 mil para 200
mil o número de carros produzidos anualmente em Camaçari.
Ontem pela manhã, os grevistas
fizeram uma manifestação na
porta da fábrica. No total, cerca de
7.000 trabalhadores aderiram ao
movimento, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Aurino Pedreira.
Em nota oficial, a Ford disse que
a greve dos funcionários foi uma
"surpresa". Segundo a montadora, a paralisação interrompe a
curva de aceleração da produção
do complexo, "em um momento
de aquecimento da indústria e incremento das exportações".
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