São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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Funcionários da Ford entram em greve na BA

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Seis dias depois de começarem a trabalhar em três turnos, os funcionários da Ford em Camaçari (BA) entraram em greve ontem por tempo indeterminado, com a reivindicação única de reduzir a semanal da jornada de trabalho, de 44 horas para 36 horas.
Segundo a própria empresa, a adesão ao movimento foi total em seu primeiro dia. Somente com a implantação do terceiro turno, a montadora gerou 2.100 empregos diretos -700 na Ford, 1.000 nas 27 indústrias automotivas instaladas no complexo e 400 nas empresas que trabalham com atividades afins à produção de carros -transporte, saúde, segurança patrimonial, segurança industrial e serviços em geral.
"Não queremos ser escravos do trabalho. Trabalhamos em um país capitalista, mas temos obrigações com milhares de brasileiros que estão desempregados. Com a redução da jornada, a empresa será obrigada a contratar ao menos mais 700 funcionários", disse Hélio Soares, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia.
Desde a inauguração, em outubro de 2001, o complexo da Ford em Camaçari absorveu investimentos de US$ 1,9 bilhão -US$ 1,2 bilhão só para montar a fábrica. Os outros US$ 700 milhões foram investidos nas empresas que fornecem peças à montadora.
Os modelos produzidos em Camaçari (Fiesta e EcoSport) também são exportados para a Argentina, o Equador, a Colômbia, a Venezuela e o México. Com o novo turno de trabalho, a Ford pretende ampliar de 138 mil para 200 mil o número de carros produzidos anualmente em Camaçari.
Ontem pela manhã, os grevistas fizeram uma manifestação na porta da fábrica. No total, cerca de 7.000 trabalhadores aderiram ao movimento, de acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Aurino Pedreira.
Em nota oficial, a Ford disse que a greve dos funcionários foi uma "surpresa". Segundo a montadora, a paralisação interrompe a curva de aceleração da produção do complexo, "em um momento de aquecimento da indústria e incremento das exportações".


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