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AGRICULTURA
Rodrigues negocia Selic como teto para financiamentos no setor
Ministro quer limitar juro no campo
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, negocia com o
Banco do Brasil e com o Tesouro
Nacional um teto para os juros
cobrados em determinados empréstimos para o setor agrícola. O
objetivo do ministro é fixar a Selic
(taxa de juros básica da economia), que está em 16% ao ano, como o juro máximo que o BB poderia cobrar em operações com
recursos do Sistema Nacional de
Crédito Rural.
"Eu quero trabalhar em todas as
frentes possíveis que reduzam o
custo de produção", disse Rodrigues à Folha, ao justificar a sua
iniciativa. Segundo ele, os custos
de insumos e máquinas agrícolas
subiram neste ano, inclusive em
dólar, o que diminuiu a rentabilidade dos produtores. "Esse fato
me preocupa", afirmou.
O Banco do Brasil trabalha com
dois tipos básicos de linhas de financiamento lastreadas em recursos do Sistema Nacional de
Crédito: linhas com juros subsidiados pelo governo, cujas taxas
são normalmente de 8,75% ao
ano, e as linhas com juros livres,
cujas taxas variam de 18% a 22%
ao ano, segundo Rodrigues.
O Banco do Brasil é obrigado a
investir na agricultura 50% (a partir de setembro deste ano) do dinheiro aplicado na poupança rural e 25% dos seus depósitos à vista. Os mesmos percentuais valem
para outros bancos. Mas são apenas os bancos públicos e as cooperativas de crédito agrícola que podem oferecer aos seus clientes
poupança rural.
O ministro já manteve reunião
com a diretoria do Banco do Brasil e com o secretário do Tesouro,
Joaquim Levy, para discutir sua
proposta. "O tema é delicado,
pois o Tesouro precisa de recursos e a agricultura também precisa de recursos", disse Rodrigues.
O resultado do Banco do Brasil
impacta as contas do governo,
pois o lucro das estatais faz parte
do superávit primário.
Segundo o ministro, a medida é
importante, pois os recursos que
o Banco do Brasil terá para aplicar
na agricultura a juros livres crescerão muito.
Até setembro deste ano, o banco
só precisava aplicar 40% do dinheiro da poupança rural em
agricultura. A partir do próximo
mês, esse volume passará a ser de
50% e chegará a 65% em 2007.
O crescimento no crédito agrícola para a próxima safra (2004/
2005) se dará praticamente todo
nas linhas que hoje são com taxas
livres.
Segundo as estimativas iniciais,
as linhas com taxas livres, que
contaram com R$ 5 bilhões na
atual safra, terão mais de R$ 11 bilhões na próxima.
Recursos para fiscalização
Rodrigues também procura outras fontes de financiamento para
os programas de fiscalização e defesa sanitária do seu ministério. A
sua proposta inicial é criar taxas
para serviços prestados pela Agricultura, que hoje são gratuitos. A
idéia é cobrar por serviços, como
certificações, inspeções e análises
laboratoriais.
O setor privado fez uma proposta alternativa que está em análise -os produtores financiariam
determinadas missões e projetos
do ministério nessa área, quando
fosse preciso.
Segundo Rodrigues, o mais provável é que se chegue a uma solução mista, na qual parte dos recursos viria de novas taxas, e outro montante, de contribuições
para projetos específicos.
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