São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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O VÔO DA ÁGUIA

País ganha 32 mil empregos em julho, ante expectativa de até 235 mil; Bolsa de NY sofre queda de 1,5%

Criação menor de vagas põe em xeque recuperação dos EUA

DA REDAÇÃO

O mercado de trabalho americano agravou ontem as preocupações no país quanto à recuperação da economia. O governo divulgou que foram criadas 32 mil vagas em julho, o menor saldo desde dezembro de 2003 e muito abaixo das estimativas dos economistas, que previam algo entre 215 mil e 235 mil postos.
O indicador foi recebido negativamente pelo mercado, e as Bolsas despencaram. Em Nova York, o índice Dow Jones caiu 1,48%, para o menor nível desde o fim de novembro, e o Nasdaq (das empresas de alta tecnologia), 2,46%, atingindo patamar não visto desde 26 de agosto de 2003.
Embora o consenso no mercado ainda seja o de que o Federal Reserve (o BC dos EUA) elevará os juros em 0,25 ponto percentual na reunião da próxima semana, para 1,5% ao ano, alguns economistas já acreditam em manutenção da taxa em setembro.
A decisão afeta diretamente o Brasil. Juros mais altos nos EUA significam chances de ganhos mais elevados no país, o que reduzirá o fluxo de capitais para mercados emergentes, que oferecem retorno e risco maiores.
O Departamento de Trabalho revisou ainda os empregos criados em maio e junho, de 347 mil para 283 mil. Os dados são os mais recentes sinais da perda de fôlego da economia americana nos últimos três meses.
"É muito decepcionante. A economia teve um acesso de debilidade muito mais duradouro do que acreditávamos", afirmou Sung Won-sohn, economista do banco Wells Fargo.
Embora outros indicadores já tivessem mostrado o enfraquecimento, algo admitido até pelo presidente do Fed, Alan Greenspan, analistas aguardavam o dado do emprego para checar a hipótese de que ele era passageiro.
"Será necessário esperar mais tempo do que o previsto para vermos sinais convincentes de fortalecimento", disse Won-sohn.
A taxa de desemprego recuou de 5,6% para 5,5%, a menor desde 2001, mas o indicador foi definido pelo próprio departamento como "essencialmente inalterado".
"É claro que a economia passa por uma transição gradual. O que temos visto é o acentuado impacto dos elevados preços do petróleo", disse Richard DeKaser, do banco National City Corporation.
Adversário de George W. Bush nas eleições presidenciais de novembro, o democrata John Kerry aproveitou para atacar o governo. "O presidente segue dizendo que já passamos o pior, mas os números divulgados mostram que nossa economia bem que poderia mudar de rumo", afirmou.
Já a Casa Branca disse que a economia segue na direção certa.


Com agências internacionais e o "New York Times"


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