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Kirchner eleva pressão sobre Petrobras
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
O governo argentino aumentou
as pressões para que a Petrobras
realize investimentos no país. Segundo a imprensa argentina, o
governo tem ameaçado cassar a
concessão dos gasodutos que a
Petrobras administra caso a empresa não faça investimentos para
aumentar a capacidade de transporte de gás. A Petrobras controla
50% da TGS (Transportadora de
Gás do Sul) e produz 12% do petróleo e 8% do gás argentinos.
O presidente Néstor Kirchner
quer que a estatal brasileira amplie o gasoduto San Martín, que
une a Terra do Fogo, na Patagônia, a Buenos Aires. A obra, de
US$ 270 milhões, foi anunciada
em julho. As pressões aumentam
porque o governo teme que a crise de energia, controlada neste
ano, piore no ano que vem, por
causa das condições climáticas.
No mês passado, o ministro das
Relações Exteriores, Celso Amorim, ouviu duras críticas de
Kirchner e de seus ministros,
quando esteve em Buenos Aires,
por causa da suposta falta de investimentos da Petrobras no país.
Até agora a estatal brasileira não
se pronunciou sobre o assunto.
Segundo a empresa, desde que
chegou à Argentina, em 2000, ainda não remeteu lucros, pois tem
investido todos os ganhos no país.
Na semana passada, houve uma
reunião entre o diretor da Petrobras argentina, Alberto Guimarães, o da TGS, Pablo Ferrero, o
secretário da Energia, Daniel Cameron, o secretário de Obras Públicas, José Lopes, e o embaixador
do Brasil na Argentina, Mauro
Vieira, para tratar do assunto.
A Folha apurou que a conversa
foi difícil e não houve solução para o impasse. O governo brasileiro
quer que o investimento seja feito
pelo BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) dentro da carteira reservada a projetos de infra-estrutura
para integrar a América do Sul.
Para isso, chegou a conceder
mais 45 dias de prazo, na semana
passada, para que a Argentina pagasse uma dívida que a Secretaria
de Transportes tem com o
BNDES, a fim de que o país não
entre em "default" com o Brasil, o
que o impediria de receber financiamento do banco.
Embora a Petrobras possa fazer
investimentos com recursos próprios, a Folha apurou que o governo prefere que os investimentos sejam feitos via BNDES.
Na quinta-feira, o ministro da
Economia, Roberto Lavagna, irá a
Brasília, onde se encontra com o
ministro do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior,
Luiz Fernando Furlan, para falar
sobre políticas de promoção industrial, de exportação, disputas
comerciais entre os dois países e
financiamentos do BNDES. Os investimentos da Petrobras também deverão estar na pauta.
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