São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2004

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Kirchner eleva pressão sobre Petrobras

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

O governo argentino aumentou as pressões para que a Petrobras realize investimentos no país. Segundo a imprensa argentina, o governo tem ameaçado cassar a concessão dos gasodutos que a Petrobras administra caso a empresa não faça investimentos para aumentar a capacidade de transporte de gás. A Petrobras controla 50% da TGS (Transportadora de Gás do Sul) e produz 12% do petróleo e 8% do gás argentinos.
O presidente Néstor Kirchner quer que a estatal brasileira amplie o gasoduto San Martín, que une a Terra do Fogo, na Patagônia, a Buenos Aires. A obra, de US$ 270 milhões, foi anunciada em julho. As pressões aumentam porque o governo teme que a crise de energia, controlada neste ano, piore no ano que vem, por causa das condições climáticas.
No mês passado, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ouviu duras críticas de Kirchner e de seus ministros, quando esteve em Buenos Aires, por causa da suposta falta de investimentos da Petrobras no país. Até agora a estatal brasileira não se pronunciou sobre o assunto. Segundo a empresa, desde que chegou à Argentina, em 2000, ainda não remeteu lucros, pois tem investido todos os ganhos no país.
Na semana passada, houve uma reunião entre o diretor da Petrobras argentina, Alberto Guimarães, o da TGS, Pablo Ferrero, o secretário da Energia, Daniel Cameron, o secretário de Obras Públicas, José Lopes, e o embaixador do Brasil na Argentina, Mauro Vieira, para tratar do assunto.
A Folha apurou que a conversa foi difícil e não houve solução para o impasse. O governo brasileiro quer que o investimento seja feito pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) dentro da carteira reservada a projetos de infra-estrutura para integrar a América do Sul.
Para isso, chegou a conceder mais 45 dias de prazo, na semana passada, para que a Argentina pagasse uma dívida que a Secretaria de Transportes tem com o BNDES, a fim de que o país não entre em "default" com o Brasil, o que o impediria de receber financiamento do banco.
Embora a Petrobras possa fazer investimentos com recursos próprios, a Folha apurou que o governo prefere que os investimentos sejam feitos via BNDES.
Na quinta-feira, o ministro da Economia, Roberto Lavagna, irá a Brasília, onde se encontra com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, para falar sobre políticas de promoção industrial, de exportação, disputas comerciais entre os dois países e financiamentos do BNDES. Os investimentos da Petrobras também deverão estar na pauta.


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