São Paulo, terça-feira, 07 de setembro de 2004

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LUGAR AO SOL

Rede abre 400 vagas, mas surgem 10 mil candidatos; com pouco policiamento e muita confusão, ginásio é depredado

Fila por emprego causa tumulto em Recife

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Uma multidão de desempregados invadiu e depredou ontem o ginásio de esportes Geraldo Magalhães, em Recife (PE), durante o cadastramento para a contratação de 400 trabalhadores pela rede de supermercados Carrefour, para cerca de 20 funções, como atendente, caixa e açougueiro.
O tumulto começou pouco antes das 8h, quando cerca de 10 mil pessoas, segundo os responsáveis pela seleção dos candidatos, já aguardavam na rua a abertura do ginásio -muitas delas desde o final da tarde de anteontem.
Na tentativa de furar a fila, homens e mulheres começaram a pular grades e arrombar portões. Houve correria, e algumas pessoas, empurradas por outras, caíram e se feriram levemente.
Em pouco tempo, as arquibancadas do ginásio lotaram, e a quadra também foi invadida. Encarregado da seleção, o Centro de Solidariedade ao Trabalhador, da Força Sindical, acionou a PM.
A corporação enviou 35 policiais, entre eles 25 homens da tropa de choque, e a situação foi controlada, sem prisões. O tumulto levou os organizadores a mudar o esquema de atendimento.
A entidade, que havia montado uma estrutura com 60 pessoas, das quais 25 atendentes, pretendia distribuir senhas, checar a documentação dos candidatos e realizar uma pequena entrevista com cada um. Acabou sendo obrigada a recolher os currículos às pressas, em caixas de papelão.
O coordenador do Centro de Solidariedade ao Trabalhador, Davidson Tolentino de Almeida, responsabilizou a Polícia Militar pelo tumulto. Ele afirmou que comunicou a corporação sobre a expectativa de haver multidão, mas que nada foi feito. "Quando o tumulto começou, só havia três policiais no local", disse Almeida.
A assessoria da PM informou que só recebeu o comunicado na sexta-feira e que não houve tempo para mobilizar um número maior de policiais. A corporação afirmou ainda que não haveria confusão, se o processo de seleção fosse mais bem organizado.
Por meio de comunicado, a assessoria de imprensa do Carrefour declarou que "o início da seleção de candidatos (...) não saiu como planejara". Segundo a empresa, como "os três soldados da Polícia Militar designados para garantir a segurança" no local "não conseguiram evitar a invasão", o Carrefour se comprometeu a convocar os candidatos para entrevistas "nos próximos dias".
Ainda segundo a empresa, os currículos foram recebidos do lado de fora do ginásio, mesmo após o tumulto. A nova loja da rede será inaugurada em outubro.


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