São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Câmbio faz Volks apostar no Beetle

Dólar desvalorizado impulsiona as vendas no Brasil; preço em real cai pela metade desde o lançamento do modelo

Aumento da produção no México permite importação de volumes maiores; modelo é o que tem maior taxa de crescimento da Volks no país

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Com preço mais acessível e maiores volumes de produção no México -país onde é fabricado-, o New Beetle virou a aposta da Volkswagen para ganhar escala comercial e deixar de ser apenas um carro de nicho no mercado brasileiro.
Pela primeira vez, a Volks decidiu anunciar o New Beetle na televisão, com uma grande campanha veiculada desde o dia 10 do mês passado em canais abertos e na TV por assinatura, por entender que este é o momento certo para tentar popularizar o modelo.
Em razão da depreciação do dólar, o valor do Beetle, em reais, caiu pela metade e hoje sai a partir de R$ 58.080, mesma faixa do Honda Civic, do Chevrolet Vectra e do Peugeot 307, por exemplo. Ao mesmo tempo, o aumento na capacidade produtiva da fábrica de Puebla, no México, permite importações mais volumosas.
Como resultado da combinação, o New Beetle é hoje o modelo da Volks que apresenta, em termos percentuais, a maior taxa de crescimento no país, segundo o gerente de Planejamento de Vendas da montadora, Fabrício Biondo.
Entre janeiro e julho deste ano, foram vendidas 2.772 unidades, contra 1.282 nos sete primeiros meses do ano passado, um acréscimo de 116%, conforme dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). A previsão da Volkswagen é que sejam vendidos 5.500 carros até o fim deste ano.
"Nos primeiros oito anos após o lançamento [em 1998], o New Beetle era um carro de nicho, em razão do preço. Mas o dólar teve uma desvalorização de 50% nos últimos anos, o que permitiu o seu barateamento. Esse era um modelo que saía por mais de R$ 100 mil", afirmou Biondo.
Agora, com o novo patamar de preço, a Volks vê a possibilidade de que o New Beetle, que já teve vendas muito limitadas -em 2005, por exemplo, foram emplacadas 15 unidades-, consiga ser visto com mais freqüência nas ruas.
Para José Onofre de Araújo Neto, vice-presidente do portal Webmotors, especializado no setor automotivo, o Beetle tem potencial de venda, desde que o ciclo de apreciação cambial não seja invertido em um horizonte de longo prazo.
"A questão cambial é determinante. Se houver uma flutuação para cima [no dólar], o carro perderá muito na relação custo-benefício", afirma.

Ícone
Baseado no design do Fusca, ícone da Volkswagen, o New Beetle tem a seu favor o interesse e a curiosidade que despertam no consumidor, afirma o gerente de Planejamento de Vendas da montadora.
"Até hoje me perguntam se o carro tem motor atrás [ele é dianteiro]", afirma. "O New Beetle é importante para a nossa marca porque revive um ícone no mercado [o Fusca] e agrega tecnologia de ponta."
De acordo com Araújo Neto, do Webmotors, o New Beetle não tem competidor direto. "É um carro de motor 2.0, com cara esportiva e design diferenciado. Não vejo concorrência direta nesse segmento."

México
Além da apreciação cambial, outro fator de barateamento do New Beetle é o acordo automotivo firmado com o México em 2002. No primeiro momento, houve uma redução de 8% para 1,1% na alíquota do Imposto de Importação. E, já no ano seguinte, a tarifa foi zerada.
"Com isso, os carros mexicanos começaram a chegar ao mercado brasileiro com preços mais acessíveis", disse Onofre.


Texto Anterior: Gol vai vender passagem porta a porta
Próximo Texto: Construtoras e indústria de eletrodomésticos fazem parcerias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.