São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Construtoras e indústria de eletrodomésticos fazem parcerias

Empresas buscam repetir modelo americano, em que residências vêm mobiliadas

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Construtoras e fabricantes de eletrodomésticos começam a fazer parcerias para tentarem repetir no Brasil o modelo de venda de imóveis comum nos EUA, em que as residências já vêm mobiliadas. O primeiro acordo nessa linha foi feito entre Whirlpool, dona das marcas Consul e Brastemp, e Cytec+, construtora de empreendimentos populares da Cyrela.
O acordo está sendo testado no Líber Condomínio Resort, em Ribeirão Preto (SP). Cada um dos compradores dos 500 apartamentos terá três opções na escolha dos eletrodomésticos. Poderão optar entre levar o imóvel com geladeira e fogão, com lavadora e aspirador de pó ou com climatizador, condicionador e ventilador de teto.
Os aparelhos são da marca Consul, têm modelos e cores definidos e serão entregues na conclusão da obra, em 18 meses. O valor médio de cada kit de produtos é de R$ 1.500.
"Fizemos um amplo trabalho de pesquisa nos estandes e descobrimos que o consumidor se dispõe a pagar um pouco mais por diferenciais que considera valiosos", diz Ana Pessoa, gerente de marketing da Cytec+.
No caso da parceria, o consumidor não pagará, mas levará de brinde os eletrodomésticos. Boa parte do investimento em marketing do empreendimento foi usada na compra dos produtos. O investimento da construtora superou R$ 1 milhão.
"Esse tipo de parceria tende a crescer no Brasil", diz Eduardo Macedo, diretor da consultoria Gouvêa de Souza. "O acordo permite à construtora oferecer um diferencial em seu produto, e à Whirlpool, abrir um novo canal de distribuição."
A fabricante encara a parceria como uma espécie de teste de mercado. "Apesar de o conceito ser forte em outros países, o Brasil tem particularidades distintas em termos de legislação e financiamento", afirma Fernanda Azevedo, gerente-geral de vendas da Whirlpool
Nos EUA, onde mais de 40% dos novos imóveis vendidos são mobiliados, o consumidor faz o financiamento da residência e dos móveis no mesmo contrato. Além de tal modalidade não existir no Brasil, a prática poderia ser qualificada como venda casada, que é proibida por lei.
"Com o crescimento forte da construção civil, estamos começando a nos aproximar desse canal de vendas, que se torna cada vez mais interessante", diz Azevedo. Segundo ela, a empresa não tem ainda perspectivas se a modalidade poderá se tornar relevante em suas vendas.
"Como todas as concorrentes têm lançamentos em Ribeirão, buscamos oferecer diferenciais", afirma Yorki Estefane, diretor da Cytec+. A construtora fez ainda parcerias com a Telefônica, para fornecimento de TV paga, telefonia e internet, gratuito por três meses. Em troca do acesso aos consumidores, a Telefônica ajudou nos investimentos em marketing.
Já a Mabe (dona das marcas Dako, GE e Mabe) fez parcerias com diversas construtoras para colocar promotores nos estandes de vendas dos imóveis. "Se 80% dos apartamentos comprarem os eletrodomésticos conosco, mobiliaremos o salão de festas, por exemplo", diz Otto Greinacher, gerente de novos canais da Mabe.


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