São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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Ouro volta a atrair investidores, mas mercado é pequeno

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de ouro já não é tão importante como há dez anos. Mas, nos últimos meses, a procura pelo metal voltou a crescer. Em setembro, foram negociados 114,25 quilos (US$ 1,152 milhão) de ouro por dia, em média, 41,5% mais do que em agosto e 161,4% mais do que a média diária de 2001, segundo a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).
A alta do dólar levou o investidor a procurar o ouro -o valor do metal está atrelado ao da moeda norte-americana. Isto é, se o dólar fica mais caro, também sobe o preço do ouro.
O metal está sendo procurado mais por pessoas físicas de alto poder aquisitivo, que podem pagar quase R$ 10 mil por um contrato (250 gramas).

Aposta no dólar
Em setembro, segundo a BM&F, foram negociados 457 contratos. Geralmente, segundo corretores ouvidos pela Folha, uma pessoa negocia em média cinco contratos por vez.
"A expectativa desses investidores é que o dólar vá subir, e, como eles não podem comprar dólar legalmente, vão atrás do ouro", afirma Geraldo Mohr, operador da corretora Souza Barros.
Desde o começo do ano, a valorização do ouro já supera 70%. No início de janeiro, cada grama do metal era negociado a R$ 21,50. Na segunda-feira a cotação estava em R$ 37,50. Só no mês de setembro, a valorização do ouro foi da ordem de 23%, informa a BM&F.

Mercado pequeno
A procura por ouro, no entanto, não chega a animar as corretoras. É que esse mercado já foi muito maior. Em 92, por exemplo, a média diária de negociação do metal chegou a 9,7 milhões de quilos (US$ 113,5 milhões). Desde então esse mercado vem perdendo o brilho.
Em 2001, por exemplo, a média diária de negócios foi de apenas US$ 388 mil. Os investidores, segundo corretores, têm outras opções de investimentos que acompanham a oscilação do dólar, como os fundos cambiais.

Jóias não brilham
A procura por jóias também arrefeceu. De janeiro até agora caíram entre 10% e 15% as vendas de jóias na comparação com igual período do ano passado, informa o IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos).
"Um dos motivos é a alta do preço do ouro", afirma Hecliton Santini Henriques, presidente do instituto. "Nós não repassamos todo o aumento do preço do metal para as jóias, já que elas não são feitas só de ouro. Mesmo assim o mercado está parado neste momento, devido às incertezas que vive a economia."
Eduardo Klarnet, diretor de marketing da Natan, rede de joalheria com 14 lojas no país, diz que o mercado de jóias, assim como de outros artigos de luxo, também sofre com as oscilações na economia. As vendas neste ano, informa, estão parecidas com as do ano passado. Não há, portanto, nenhuma euforia no consumo.



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