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MERCADO FINANCEIRO
Para analistas, valorização dos títulos impulsionou recuperação dos indicadores; BC pode ter agido
Alta do C-Bond puxa Bolsa e afunda dólar
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A melhora dos C-Bonds na última semana puxou a recuperação
em outros mercados, segundo
analistas. Operadores desconfiam
de que o Banco Central tenha voltado a comprar os papéis, que estavam muito depreciados.
A expectativa de haver segundo
turno nas eleições e a elevação na
classificação da Merrill Lynch para papéis brasileiros também teriam contribuído para a valorização dos ativos.
Em um mercado sem liquidez,
fica fácil fazer esse tipo de operação. O principal título da dívida
pública brasileira registrou alta de
13,6% na semana.
A cotação do C-Bond, que era
de US$ 0,4881 na sexta-feira retrasada, fechou a US$ 0,5544 na sexta-feira passada, ao subir 2,42%.
Nos últimos cinco dias, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve 6,2% de valorização, o dólar caiu 6,7% e o risco-país recuou
19,7%.
"Com certeza, o C-Bond puxou
os outros mercados. Na quinta-feira, os negócios com o papel já
abriram com mais de 1% de alta.
O índice futuro, os negócios com
ADRs e a Bovespa foram atrás",
diz Luiz Antônio Vaz das Neves,
diretor da corretora Planner.
Corretores afirmam ter estranhado: naquele dia, o prêmio
caiu, o C-Bond subiu, a Bolsa
também e o dólar e os juros registraram alta.
A Bovespa seguiu o movimento
dos ADRs (American Depositary
Receipts, certificados de depósitos de ações emitidos e negociados nos Estados Unidos), cujos
investidores acompanham de
perto os C-Bonds.
Os mercados de dólar e juros só
teriam conseguido acompanhar a
tendência na sexta-feira.
A iniciativa do BC teria sido
uma tentativa de acalmar os mercados na semana que antecedeu o
primeiro turno.
"Deu um alívio aos mercados
para que não enfrentassem a sucessão em pânico", segundo um
corretor.
Para uma corrente de analistas,
a alta dos C-Bonds pode ter sido
alimentada por tesourarias de
bancos e grandes fundos de investimentos, que temeram perdas
decorrentes da valorização dos
papéis.
"Quem estava "short" [vendeu
C-Bonds no mercado futuro,
apostando na queda dos títulos,
para então recomprá-los mais baratos] resolveu reduzir posição",
diz Beto Scretas, da Schroeders.
Aquelas instituições financeiras
teriam então comprado títulos
antes que subissem mais, o que teria aumentado a demanda pelos
papéis.
Segundo um corretor, o movimento principal foi uma "força
compradora dos papéis no mercado à vista" que não veio tanto
de bancos, mas sobretudo de operações do governo brasileiro.
Tendência
Independentemente dos resultados das eleições, analistas dizem
que a tendência para a Bolsa nos
próximos dias não é a de manutenção da alta.
"Houve um certo exagero no
otimismo. Além disso, a Bovespa
operou na contramão das Bolsas
internacionais e com baixo volume de negócios", afirma Scretas.
EUA
Apesar da queda pela sexta semana consecutiva, as Bolsas americanas ainda estariam caras, na
avaliação de especialistas.
O P/L (preço das ações sobre o
lucro gerado pelas empresas) do
S&P 500 (Standard and Poor's,
que engloba as ações das 500 principais empresas dos EUA) está em
28, e o do Dow Jones (da Bolsa de
Nova York), em 20.
"Abaixo de 20, a Bolsa ficaria
mais interessante, mas ainda não
estaria barata", diz Júlio Ziegelman, do BankBoston.
inflação
A agenda da semana concentra
índices de inflação. Na terça-feira
sai a prévia do IGP-M de outubro.
Na quarta-feira, o IPCA, o INPC e
o IGP-DI de setembro; e na quinta-feira será divulgado o IPC-Fipe
da primeira semana de outubro.
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