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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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VEÍCULOS

Estoque diminui, e montadoras têm melhor mês de 2003; para Anfavea, reforma tributária pode elevar preços

Venda de carros sobe 24% em setembro

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

No mesmo dia em que anunciou o melhor resultado em vendas internas no ano, a indústria automobilística descartou, ao menos em público, que prepare lobby para manter o benefício da alíquota menor de IPI -em vigor até novembro. Mas já encontrou na reforma tributária um novo componente de insatisfação.
Em seu relatório mensal, a Anfavea (Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores) informou que as vendas de veículos subiram 24,1% no mês passado em relação a agosto. No período, foram comercializadas 125.035 unidades ante as 100.767 de agosto -que, paradoxalmente, fora o segundo pior mês em vendas no ano, à frente apenas de junho. Até setembro, o melhor resultado em 2003 ocorrera em fevereiro: 117,9 mil unidades comercializadas.
Recuperação acompanhada pelo nível dos estoques: os veículos nos pátios representavam 43 dias de produção em agosto. Caiu para 34 dias em setembro.
Para a Anfavea, três fatores determinaram a retomada: queda nos juros, promoções feitas pelas montadoras/revendedoras e a menor alíquota de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea, disse que não há ""nenhuma discussão interna" para reivindicar a manutenção do IPI menor. O acordo com o governo, vigente desde 6 de agosto, prevê redução de três pontos percentuais na alíquota do imposto nos veículos de até 2.000 cc. O incentivo acaba em 30 de novembro.
Em entrevista na sexta-feira, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) disse que o acordo não seria prorrogado. Mas de antemão, executivos do setor declararam que o fim do incentivo resultaria em pior desempenho nos mês de dezembro e no início de 2004. ""Depois de novembro, veremos o que acontece. A expectativa é que corra mais dinheiro na economia, haja continuidade no processo de recuperação", disse o presidente da entidade, ao ser indagado sobre os comentários de executivos das montadoras. ""Não temos nenhum tipo de negociação prevista com o ministro."
Novembro é mês-chave no setor também por outro aspecto: é data-base dos metalúrgicos -ou seja, significa maior peso na tabela de custos das empresas.
A questão tributária ainda é, de qualquer forma, central na indústria automobilística. O executivo apresentou números de um estudo da Anfavea que ilustrariam os efeitos da reforma tributária aprovada na Câmara -agora em discussão no Senado.
Segundo os cálculos, mantido o texto atual, aumentaria o peso dos tributos diretos (leia-se IPI, PIS/ Cofins e ICMS) na composição do preço final de um carro. Pelo estudo, nos veículos de até 1.000 cc a participação dos impostos no preço iria de 25,7% para 31,2%. Nos de até 2.000 cc, de 29% para 34,3%, e, nos acima de 2.000 cc, de 34,2% para 39,1%. ""Como está, a reforma compromete a situação de um setor que já tem problemas estruturais", disse Carvalho, em referência à equação alta capacidade instalada ociosa versus mercado interno em retração. ""Trabalhamos com o Congresso, a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e a CNI (Confederação Nacional da Indústria) para que isso mude."

Revisão
A melhora nas vendas internas em setembro significou também aumento na produção: no mês passado, saíram das montadoras 163,8 mil unidades, 22,5% a mais que em agosto. Número maior também em relação a setembro do ano passado, quando foram produzidas 155 mil unidades.
Setembro registrou ainda o melhor resultado para exportações desde 1998: a indústria exportou US$ 580,3 milhões, alta de 58,1% sobre setembro do ano passado.
Não por acaso, as exportações devem ser o único indicador com desempenho positivo em 2003: a Anfavea prevê US$ 5,1 bilhões em exportações -27,5% a mais que os US$ 4 bilhões de 2002.
No acumulado do ano, a produção chega a 1,34 milhão de veículos, 1,5% superior à de 2002. Mas o número de veículos licenciados caiu 9,2% (de 1,086 milhão para 987,1 mil unidades). Pelas estimativas da Anfavea, a produção total deve encolher 1% sobre 2002 (totalizando 1,77 milhão de unidades). O número de veículos vendidos no mercado interno cairá 10% (de 1,48 milhão para 1,33 milhão).


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