|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VEÍCULOS
Estoque diminui, e montadoras têm melhor mês de 2003; para Anfavea, reforma tributária pode elevar preços
Venda de carros sobe 24% em setembro
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
No mesmo dia em que anunciou o melhor resultado em vendas internas no ano, a indústria
automobilística descartou, ao menos em público, que prepare
lobby para manter o benefício da
alíquota menor de IPI -em vigor
até novembro. Mas já encontrou
na reforma tributária um novo
componente de insatisfação.
Em seu relatório mensal, a Anfavea (Associação dos Fabricantes
de Veículos Automotores) informou que as vendas de veículos subiram 24,1% no mês passado em
relação a agosto. No período, foram comercializadas 125.035 unidades ante as 100.767 de agosto
-que, paradoxalmente, fora o
segundo pior mês em vendas no
ano, à frente apenas de junho. Até
setembro, o melhor resultado em
2003 ocorrera em fevereiro: 117,9
mil unidades comercializadas.
Recuperação acompanhada pelo nível dos estoques: os veículos
nos pátios representavam 43 dias
de produção em agosto. Caiu para
34 dias em setembro.
Para a Anfavea, três fatores determinaram a retomada: queda
nos juros, promoções feitas pelas
montadoras/revendedoras e a
menor alíquota de IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados).
Ricardo Carvalho, presidente
da Anfavea, disse que não há ""nenhuma discussão interna" para
reivindicar a manutenção do IPI
menor. O acordo com o governo,
vigente desde 6 de agosto, prevê
redução de três pontos percentuais na alíquota do imposto nos
veículos de até 2.000 cc. O incentivo acaba em 30 de novembro.
Em entrevista na sexta-feira, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) disse que o acordo não
seria prorrogado. Mas de antemão, executivos do setor declararam que o fim do incentivo resultaria em pior desempenho nos
mês de dezembro e no início de
2004. ""Depois de novembro, veremos o que acontece. A expectativa
é que corra mais dinheiro na economia, haja continuidade no processo de recuperação", disse o
presidente da entidade, ao ser indagado sobre os comentários de
executivos das montadoras. ""Não
temos nenhum tipo de negociação prevista com o ministro."
Novembro é mês-chave no setor também por outro aspecto: é
data-base dos metalúrgicos -ou
seja, significa maior peso na tabela de custos das empresas.
A questão tributária ainda é, de
qualquer forma, central na indústria automobilística. O executivo
apresentou números de um estudo da Anfavea que ilustrariam os
efeitos da reforma tributária
aprovada na Câmara -agora em
discussão no Senado.
Segundo os cálculos, mantido o
texto atual, aumentaria o peso dos
tributos diretos (leia-se IPI, PIS/
Cofins e ICMS) na composição do
preço final de um carro. Pelo estudo, nos veículos de até 1.000 cc a
participação dos impostos no
preço iria de 25,7% para 31,2%.
Nos de até 2.000 cc, de 29% para
34,3%, e, nos acima de 2.000 cc, de
34,2% para 39,1%. ""Como está, a
reforma compromete a situação
de um setor que já tem problemas
estruturais", disse Carvalho, em
referência à equação alta capacidade instalada ociosa versus mercado interno em retração. ""Trabalhamos com o Congresso, a
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e a CNI
(Confederação Nacional da Indústria) para que isso mude."
Revisão
A melhora nas vendas internas
em setembro significou também
aumento na produção: no mês
passado, saíram das montadoras
163,8 mil unidades, 22,5% a mais
que em agosto. Número maior
também em relação a setembro
do ano passado, quando foram
produzidas 155 mil unidades.
Setembro registrou ainda o melhor resultado para exportações
desde 1998: a indústria exportou
US$ 580,3 milhões, alta de 58,1%
sobre setembro do ano passado.
Não por acaso, as exportações
devem ser o único indicador com
desempenho positivo em 2003: a
Anfavea prevê US$ 5,1 bilhões em
exportações -27,5% a mais que
os US$ 4 bilhões de 2002.
No acumulado do ano, a produção chega a 1,34 milhão de veículos, 1,5% superior à de 2002. Mas
o número de veículos licenciados
caiu 9,2% (de 1,086 milhão para
987,1 mil unidades). Pelas estimativas da Anfavea, a produção total
deve encolher 1% sobre 2002 (totalizando 1,77 milhão de unidades). O número de veículos vendidos no mercado interno cairá 10%
(de 1,48 milhão para 1,33 milhão).
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: Preço cai 0,9% em dois meses Índice
|