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TELES
Destituição ocorreu em assembléia de cotistas; advogado diz que vai recorrer
Fundos tiram o Opportunity do CVC
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Sob a liderança da poderosa
Previ -fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, com
patrimônio de R$ 47 bilhões-, e
do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), um grupo de fundos de
pensão destituiu ontem o banco
Opportunity do cargo de gestor
do fundo de investimento CVC/
Opportunity. O novo gestor é a
BB DTVM, distribuidora do Banco do Brasil.
O CVC é um dos acionistas do
bloco de controle da companhia
telefônica Brasil Telecom, que
atua em nove Estados e no Distrito Federal e tem cerca de 10 milhões de assinantes.
A destituição do Opportunity
aconteceu durante a assembléia
geral ordinária dos cotistas, no
Rio de Janeiro. A assembléia tinha
sido marcada para examinar a
prestação de contas do ano passado, mas a Previ e o BNDES fizeram incluir na pauta a proposta
de substituição do gestor.
Paulo Aragão, advogado do Opportunity, disse que entrará, hoje,
com pedido de anulação da assembléia na Justiça e na Comissão
de Valores Mobiliários (CVM).
O fundo CVC foi criado em
1997, com patrimônio de R$ 600
milhões, para investir na privatização de empresas estatais.
A relação entre o Opportunity e
os cotistas está deteriorada há três
anos, desde que os fundos rejeitaram a prestação de contas apresentada pelo gestor e o acusaram
de cobrar taxas de administração
abusivas e de lesar os cotistas.
A destituição do Opportunity
foi aprovada por cerca de 81% dos
votos, quando, pelo estatuto do
CVC, seriam necessários pelo menos 90%.
Durante a assembléia, a Previ e
o BNDES apresentaram pareceres
jurídicos sustentando que o estatuto do CVC seria abusivo e que o
gestor poderia ser mudado por
decisão da maioria.
Segundo Aragão, o fundo de
pensão Sistel, que tem 17,8% das
cotas do CVC e que tradicionalmente vota com o Opportunity,
foi impedido de votar.
Como a Brasil Telecom é uma
das mantenedoras do Sistel e o
Opportunity está hoje no comando da Brasil Telecom, a Previ alegou que o Sistel estava em situação de conflito de interesses.
""Nunca vi nada igual. A maioria, simplesmente, decidiu que a
minoria não poderia votar e nomeou como administrador uma
instituição ligada ao principal cotista", disse Aragão. A Previ não
respondeu às acusações e disse
que só falará sobre o assunto hoje.
A assembléia começou às 14h30,
em clima de guerra. Por volta das
18h, a assessoria de imprensa do
Opportunity divulgou uma declaração do presidente do conselho
de administração da Brasil Telecom, Luis Octávio da Motta Veiga, sugerindo que o presidente do
Banco do Brasil, Cássio Casseb,
estaria pressionando os fundos de
pensão menores a votarem contra
o Opportunity.
Motta Veiga disse ter recebido a
informação de uma agência internacional de investigações, de Londres, a qual não identificou. Segundo ele, o governo federal teria
ameaçado cortar o crédito das
empresas patrocinadoras dos
fundos de pensão no Banco do
Brasil e no BNDES. A acusação dá
uma medida do confronto entre o
Opportunity e os cotistas do CVC.
Casseb afirmou, por intermédio
de sua assessoria de imprensa,
que a declaração de Motta Veiga
"não tem cabimento".
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