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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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TELES

Destituição ocorreu em assembléia de cotistas; advogado diz que vai recorrer

Fundos tiram o Opportunity do CVC

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Sob a liderança da poderosa Previ -fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 47 bilhões-, e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), um grupo de fundos de pensão destituiu ontem o banco Opportunity do cargo de gestor do fundo de investimento CVC/ Opportunity. O novo gestor é a BB DTVM, distribuidora do Banco do Brasil.
O CVC é um dos acionistas do bloco de controle da companhia telefônica Brasil Telecom, que atua em nove Estados e no Distrito Federal e tem cerca de 10 milhões de assinantes.
A destituição do Opportunity aconteceu durante a assembléia geral ordinária dos cotistas, no Rio de Janeiro. A assembléia tinha sido marcada para examinar a prestação de contas do ano passado, mas a Previ e o BNDES fizeram incluir na pauta a proposta de substituição do gestor.
Paulo Aragão, advogado do Opportunity, disse que entrará, hoje, com pedido de anulação da assembléia na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O fundo CVC foi criado em 1997, com patrimônio de R$ 600 milhões, para investir na privatização de empresas estatais.
A relação entre o Opportunity e os cotistas está deteriorada há três anos, desde que os fundos rejeitaram a prestação de contas apresentada pelo gestor e o acusaram de cobrar taxas de administração abusivas e de lesar os cotistas.
A destituição do Opportunity foi aprovada por cerca de 81% dos votos, quando, pelo estatuto do CVC, seriam necessários pelo menos 90%.
Durante a assembléia, a Previ e o BNDES apresentaram pareceres jurídicos sustentando que o estatuto do CVC seria abusivo e que o gestor poderia ser mudado por decisão da maioria.
Segundo Aragão, o fundo de pensão Sistel, que tem 17,8% das cotas do CVC e que tradicionalmente vota com o Opportunity, foi impedido de votar.
Como a Brasil Telecom é uma das mantenedoras do Sistel e o Opportunity está hoje no comando da Brasil Telecom, a Previ alegou que o Sistel estava em situação de conflito de interesses.
""Nunca vi nada igual. A maioria, simplesmente, decidiu que a minoria não poderia votar e nomeou como administrador uma instituição ligada ao principal cotista", disse Aragão. A Previ não respondeu às acusações e disse que só falará sobre o assunto hoje.
A assembléia começou às 14h30, em clima de guerra. Por volta das 18h, a assessoria de imprensa do Opportunity divulgou uma declaração do presidente do conselho de administração da Brasil Telecom, Luis Octávio da Motta Veiga, sugerindo que o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, estaria pressionando os fundos de pensão menores a votarem contra o Opportunity.
Motta Veiga disse ter recebido a informação de uma agência internacional de investigações, de Londres, a qual não identificou. Segundo ele, o governo federal teria ameaçado cortar o crédito das empresas patrocinadoras dos fundos de pensão no Banco do Brasil e no BNDES. A acusação dá uma medida do confronto entre o Opportunity e os cotistas do CVC.
Casseb afirmou, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que a declaração de Motta Veiga "não tem cabimento".


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