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"Transgênicos violam direito humano"
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA
Para o relator nacional dos Direitos Humanos à Alimentação
Adequada, Água e Terra Rural,
Flavio Luiz Schieck Valente, a liberação dos transgênicos no país
"representa potencial violação do
direito humano à alimentação de
toda a população brasileira".
Em carta encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva
no último dia 23, o relator afirma
que "a liberação desses organismos geneticamente modificados
atenta contra a soberania alimentar dos brasileiros e contra a economia do país".
Para Valente, que integra a
DhEsc Brasil (Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos,
Sociais e Culturais), mantida pelo
Programa de Voluntariado da
ONU (Organização das Nações
Unidas) e que representou o Fórum Brasileiro de Segurança Alimentar e Nutricional em Roma,
em 2002, a determinação fere vários princípios de legalidade.
"Está claro que a medida foi imposta por interesses econômicos e
um forte esquema de lobby, e não
por uma política de desenvolvimento agrário", afirmou ele em
entrevista à Agência Folha.
O relator criticou a falta de debates e a rapidez da aprovação da
medida provisória, sob a justificativa de não prejudicar a próxima
safra, além das salvaguardas impostas pela medida provisória,
responsabilizando os produtores
por eventuais danos ambientais
ou a terceiros.
"Não há estudos que comprovem a segurança dos transgênicos
para a saúde dos consumidores e
para o ambiente nem mecanismos de controle da produção. As
plantações serão misturadas e
continuarão a existir nas safras seguintes", afirmou.
O relator teme ainda que a produção de soja transgênica interfira nas exportações do país, que
têm aumentado sucessivamente.
"Nossa soja é um símbolo por ser
livre dos transgênicos", disse.
A queda nos custos da produção, um dos principais argumentos dos produtores de soja geneticamente modificada, também é
questionada por Valente. Para ele,
a economia com herbicidas se
dissipa com a necessidade de novos agrotóxicos a longo prazo.
"O uso de agrotóxicos nessas
plantações acaba sendo igual ou
até maior que nas convencionais.
Novas formas de pragas vão surgindo", disse o relator.
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