São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EMPRESAS

Segundo a CNI, ritmo entre junho e agosto não tem paralelo no setor; utilização da capacidade instalada bate novo recorde

Emprego na indústria cresce mais que no Real

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ritmo de crescimento do emprego industrial entre junho e agosto deste ano não tem paralelo com outro momento do mercado de trabalho do setor, segundo avaliação da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Os Indicadores Industriais, que são calculados mensalmente pela entidade desde 1992, mostram que a taxa de crescimento do emprego na indústria entre junho e agosto se aproxima de 1% ao mês.
Em agosto, o total de empregados na indústria cresceu 0,98% na comparação com julho. No ano, o emprego no setor acumula ampliação de 5,17%. Segundo a CNI, se a taxa acumulada no ano for anualizada, isso significaria crescimento de 7,85% -o que seria um recorde na história do indicador. Nem mesmo nos primeiros anos do Plano Real houve um ano tão promissor, avalia a entidade.
"É um aumento muito forte. Eu não descarto que haja uma acomodação nesse crescimento. Mesmo assim teríamos em 2004 o melhor ano do mercado de trabalho industrial", declarou o economista da CNI Paulo Mol.
Todos os indicadores analisados pela entidade foram positivos em agosto. As vendas reais cresceram 1,26% (descontados os efeitos sazonais) em relação a julho. Na comparação com agosto do ano passado, a alta foi de 20,17%.
As horas trabalhadas na indústria cresceram 1,66% entre julho e agosto. Em relação a agosto de 2003, a ampliação chegou a 10,7%.
Na história desse indicador, essa é a primeira vez que a variação das horas trabalhadas registra crescimento de dois dígitos nessa base de comparação (mês contra o mesmo mês do ano anterior).
Segundo Mol, esse resultado está estritamente ligado a um aumento da produção industrial de forma vigorosa. "Da mesma forma que as empresas só contratam se apostam na sustentabilidade do crescimento", afirmou.
Os salários líquidos reais da indústria também cresceram. Foi o sétimo mês seguido de elevação. Em agosto, o crescimento foi de 1,52%. No ano, já chega a 5,5%. "Existe uma trajetória consolidada de recuperação da renda dos trabalhadores, que se estende por um ano e meio", avalia a CNI.

Investimentos
O índice de utilização da capacidade instalada também bateu novo recorde em agosto, alcançando a marca de 83,3%, já descontadas as peculiaridades da época do ano. Em julho, o uso da capacidade atingira o recorde de 83,1%.
A previsão da CNI é que os números continuem registrando marcas histórias até outubro. Isso porque nesse período a indústria aumenta a produção para atender às encomendas do comércio.
Na avaliação de Mol, o grau de utilização da capacidade instalada não preocupa, porque a indústria tem realizado investimentos. Dados como os de produção ou importação de bens de capital, assim como empréstimos do BNDES, mostram que há investimento no setor industrial. "O investimento está ocorrendo. Não há perigo em crescer, desde que o crescimento seja acompanhado de investimento", afirmou.
O aumento no uso da capacidade instalada é perigoso quando não acompanhado de investimento porque as fábricas atingem seu limite de produção e passam a não atender à demanda da população. O resultado é inflação alta.


Texto Anterior: Saiba mais: Segmento está aquecido e é pulverizado
Próximo Texto: Gerdau prepara aquisição e pede crédito no BNDES para Açominas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.