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EMPRESAS
Segundo a CNI, ritmo entre junho e agosto não tem paralelo no setor; utilização da capacidade instalada bate novo recorde
Emprego na indústria cresce mais que no Real
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ritmo de crescimento do emprego industrial entre junho e
agosto deste ano não tem paralelo
com outro momento do mercado
de trabalho do setor, segundo
avaliação da CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
Os Indicadores Industriais, que
são calculados mensalmente pela
entidade desde 1992, mostram
que a taxa de crescimento do emprego na indústria entre junho e
agosto se aproxima de 1% ao mês.
Em agosto, o total de empregados na indústria cresceu 0,98% na
comparação com julho. No ano, o
emprego no setor acumula ampliação de 5,17%. Segundo a CNI,
se a taxa acumulada no ano for
anualizada, isso significaria crescimento de 7,85% -o que seria
um recorde na história do indicador. Nem mesmo nos primeiros
anos do Plano Real houve um ano
tão promissor, avalia a entidade.
"É um aumento muito forte. Eu
não descarto que haja uma acomodação nesse crescimento.
Mesmo assim teríamos em 2004 o
melhor ano do mercado de trabalho industrial", declarou o economista da CNI Paulo Mol.
Todos os indicadores analisados pela entidade foram positivos
em agosto. As vendas reais cresceram 1,26% (descontados os efeitos sazonais) em relação a julho.
Na comparação com agosto do
ano passado, a alta foi de 20,17%.
As horas trabalhadas na indústria cresceram 1,66% entre julho e
agosto. Em relação a agosto de
2003, a ampliação chegou a 10,7%.
Na história desse indicador, essa é a primeira vez que a variação
das horas trabalhadas registra
crescimento de dois dígitos nessa
base de comparação (mês contra
o mesmo mês do ano anterior).
Segundo Mol, esse resultado está estritamente ligado a um aumento da produção industrial de
forma vigorosa. "Da mesma forma que as empresas só contratam
se apostam na sustentabilidade
do crescimento", afirmou.
Os salários líquidos reais da indústria também cresceram. Foi o
sétimo mês seguido de elevação.
Em agosto, o crescimento foi de
1,52%. No ano, já chega a 5,5%.
"Existe uma trajetória consolidada de recuperação da renda dos
trabalhadores, que se estende por
um ano e meio", avalia a CNI.
Investimentos
O índice de utilização da capacidade instalada também bateu novo recorde em agosto, alcançando
a marca de 83,3%, já descontadas
as peculiaridades da época do
ano. Em julho, o uso da capacidade atingira o recorde de 83,1%.
A previsão da CNI é que os números continuem registrando
marcas histórias até outubro. Isso
porque nesse período a indústria
aumenta a produção para atender
às encomendas do comércio.
Na avaliação de Mol, o grau de
utilização da capacidade instalada
não preocupa, porque a indústria
tem realizado investimentos. Dados como os de produção ou importação de bens de capital, assim
como empréstimos do BNDES,
mostram que há investimento no
setor industrial. "O investimento
está ocorrendo. Não há perigo em
crescer, desde que o crescimento
seja acompanhado de investimento", afirmou.
O aumento no uso da capacidade instalada é perigoso quando
não acompanhado de investimento porque as fábricas atingem
seu limite de produção e passam a
não atender à demanda da população. O resultado é inflação alta.
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