São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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Gerdau prepara aquisição e pede crédito no BNDES para Açominas

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A ISTAMBUL

Depois da compra de quatro siderúrgicas nos Estados Unidos, o grupo Gerdau se prepara para anunciar em breve uma nova aquisição, provavelmente num país da América do Sul. O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, 67, presidente do grupo Gerdau, prefere não adiantar onde seria seu novo investimento.
O que ele afirma é que a empresa não vai parar. "Qualquer empresário que ficar só no Brasil vai ser pequeno no mundo", afirmou. Nos últimos quatro anos, o grupo Gerdau cresceu 400%, passando de 4 milhões de toneladas de aço para 16 milhões de toneladas, tornando-se o 11º maior produtor de aço no mundo.
No Brasil, Gerdau afirmou que acaba de entrar no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) com pedido de empréstimo que pode chegar a US$ 200 milhões para o investimento de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões para ampliação na Açominas. O investimento total do grupo é de US$ 1 bilhão para os próximos quatro anos. Leia em tópicos entrevista a jornalistas:
 

NOVA INVESTIDA - Nós temos uma posição já relativamente forte na América do Sul e, como estamos focados em ampliar nossa atuação no continente americano, estamos analisando as opções que existem. Nós estamos olhando opções no México e na América do Sul. A tendência é expandir para países próximos ao Brasil. Espero anunciar em breve uma nova aquisição, mas nessas negociações nem sempre você é o dono das decisões. Essa nova aquisição pode ser tanto nos EUA como na América do Sul. Não é a Gerdau que não pára. É o setor que não pára. Nós temos que acompanhar essa tendência. Ou você acompanha ou perde a posição.

CONSOLIDAÇÃO NO BRASIL - No Brasil, as empresas não têm problemas. Hoje, estão com bom fluxo de caixa. Os grupos brasileiros são pequenos em relação ao cenário mundial. No mundo, os grupos falam em 40 milhões de toneladas, 30 milhões de toneladas, enquanto no Brasil as dimensões são pequenas. Não é um problema só da siderurgia, mas da economia toda. A economia brasileira é pequena, e as empresas são do tamanho da economia. Foi por isso que nós decidimos sair. Qualquer empresário que ficar só no Brasil será pequeno no mundo.

AQUISIÇÕES NOS EUA - Nós temos um programa de busca de eficiência e produtividade que é um trabalho de fôlego e de médio prazo. Nós compramos essas empresas porque exigiam melhorias e estavam em dificuldades.

PERSPECTIVAS PARA O AÇO - Como se viu no seminário internacional do aço (realizado em Istambul), a demanda atual do aço não vai cair, o que significa que a matéria-prima continuará escassa e, nessa situação, o aço também continuará escasso e os preços deverão continuar altos.

CHINA EXPORTADORA - A China não deverá se tornar uma exportadora significativa. A demanda interna da China continuará elevada e, dessa forma, ainda será uma importadora líquida de aço.

POLÍTICA ECONÔMICA - A política econômica está extremamente sólida. O governo está conseguindo controlar a inflação, e o processo como um todo está equilibrado.Nós estamos tendo crescimento econômico sem artificialismo, o que é um ponto positivo, e pouca gente tem notado isso. É a primeira vez que crescemos sem nenhum artificialismo. Normalmente o crescimento do Brasil ocorria com um dólar extremamente barato ou com o aumento do endividamento.

JUROS - Os juros cresceram, mas acho que tudo leva a crer que deverá voltar o processo de queda dos juros. Se as commodities no mundo pararem de pressionar, o que acho que está acontecendo, a pressão inflacionária cair e o risco-país continuar em queda, os juros terão de baixar. Já está se formando novamente um ambiente para as taxas de juros recuarem.

IMPOSTOS - Toda a estrutura tributária no Brasil tem que melhorar. É uma caminhada lenta, mas o Brasil precisa se ajustar a uma realidade tributária competitiva.


O jornalista Guilherme Barros viajou a Istambul a convite do grupo Gerdau

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