São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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CONCORRÊNCIA

Governador do ES diz que recorrerá a ministro; empresa fala em usar "todos os meios"

Nestlé e Estado vão apelar de decisão do Cade

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de vetar a compra da Garoto pela Nestlé provocou a indignação do governador do Espírito Santo, Paulo Hartung.
O governador disse que a decisão foi irresponsável. O impedimento, na sua opinião, é prejudicial ao Estado porque pode inviabilizar novos investimentos.
Hartung disse que pedirá para o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) a revisão da decisão. O Cade é subordinado ao ministério. "Queremos que a questão seja revista em razão de o voto do antigo relator, Thompson Andrade, ter sido considerado mesmo depois da saída dele", disse.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Júlio Bueno, afirmou que a decisão do Cade tem erros técnicos.
Para Bueno, o mais importante na produção de chocolates é a propriedade intelectual de fórmulas para fabricar o produto. "E isso [as fórmulas] a Nestlé já tomou da Garoto nesses dois anos."
"Possíveis interessados na fábrica podem querer realocar a produção de chocolates para outras unidades ou mesmo interromper a fabricação. Tudo isso ameaça os empregos dos funcionários da Garoto", disse Siderlei Silva de Oliveira, presidente da Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação e Assalariados Rurais).
A Nestlé afirmou ontem, na Suíça e no Brasil, que irá "utilizar todas as possibilidades para defender seus interesses na questão" da compra vetada pelo Cade.
Na terça-feira, o diretor corporativo no Brasil, Carlos Faccina, disse que uma análise jurídica levaria a Nestlé a decidir se a empresa entrará com recurso no próprio conselho ou na Justiça.
A empresa publica hoje anúncio em que expõe seus argumentos e diz que "a análise tardia do Cade traz em si uma discussão processual acerca da nulidade da decisão", pois teriam sido ultrapassados os prazos legais previstos.
No anúncio, a Nestlé do Brasil também afirma que o conselho administrativo do Cade não apresentou opções para uma solução.
Já o porta-voz da multinacional na Suíça ressaltou a divisão no próprio órgão de defesa da concorrência sobre a questão.
O conselho não aceitou por três votos a dois a proposta de desinvestimento parcial oferecida pelas empresas para manter a venda da Garoto para a Nestlé.
Já existem outros interessados na compra da Garoto. Anteontem, após a derrota da Nestlé no órgão, o presidente da Cadbury Adams, Marcos Grasso, telefonou ao prefeito de Vila Velha -sede da Garoto- , Max Mauro, para reafirmar a intenção da Cadbury em fazer uma oferta pela empresa. Ele disse que os empregos dos trabalhadores estarão garantidos caso o negócio venha a ocorrer.
Em nota oficial, a Cadbury reforçou o "compromisso de manter a fábrica de Vila Velha e investir para que a Garoto possa se desenvolver mais e ocupar um lugar de destaque no cenário nacional". A Cadbury é o quarto produtor mundial de chocolates e está presente em 200 países.
Outra forte candidata, segundo analistas, é a Mars, líder mundial no mercado de chocolates.


Com agências internacionais

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