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CONCORRÊNCIA
Governador do ES diz que recorrerá a ministro; empresa fala em usar "todos os meios"
Nestlé e Estado vão apelar de decisão do Cade
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) de vetar a compra da Garoto pela Nestlé provocou a indignação do governador do Espírito
Santo, Paulo Hartung.
O governador disse que a decisão foi irresponsável. O impedimento, na sua opinião, é prejudicial ao Estado porque pode inviabilizar novos investimentos.
Hartung disse que pedirá para o
ministro Márcio Thomaz Bastos
(Justiça) a revisão da decisão. O
Cade é subordinado ao ministério. "Queremos que a questão seja
revista em razão de o voto do antigo relator, Thompson Andrade,
ter sido considerado mesmo depois da saída dele", disse.
O secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Júlio
Bueno, afirmou que a decisão do
Cade tem erros técnicos.
Para Bueno, o mais importante
na produção de chocolates é a
propriedade intelectual de fórmulas para fabricar o produto. "E isso [as fórmulas] a Nestlé já tomou
da Garoto nesses dois anos."
"Possíveis interessados na fábrica podem querer realocar a produção de chocolates para outras
unidades ou mesmo interromper
a fabricação. Tudo isso ameaça os
empregos dos funcionários da
Garoto", disse Siderlei Silva de
Oliveira, presidente da Contac
(Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação e Assalariados Rurais).
A Nestlé afirmou ontem, na Suíça e no Brasil, que irá "utilizar todas as possibilidades para defender seus interesses na questão" da
compra vetada pelo Cade.
Na terça-feira, o diretor corporativo no Brasil, Carlos Faccina,
disse que uma análise jurídica levaria a Nestlé a decidir se a empresa entrará com recurso no
próprio conselho ou na Justiça.
A empresa publica hoje anúncio
em que expõe seus argumentos e
diz que "a análise tardia do Cade
traz em si uma discussão processual acerca da nulidade da decisão", pois teriam sido ultrapassados os prazos legais previstos.
No anúncio, a Nestlé do Brasil
também afirma que o conselho
administrativo do Cade não apresentou opções para uma solução.
Já o porta-voz da multinacional
na Suíça ressaltou a divisão no
próprio órgão de defesa da concorrência sobre a questão.
O conselho não aceitou por três
votos a dois a proposta de desinvestimento parcial oferecida pelas
empresas para manter a venda da
Garoto para a Nestlé.
Já existem outros interessados
na compra da Garoto. Anteontem, após a derrota da Nestlé no
órgão, o presidente da Cadbury
Adams, Marcos Grasso, telefonou
ao prefeito de Vila Velha -sede
da Garoto- , Max Mauro, para
reafirmar a intenção da Cadbury
em fazer uma oferta pela empresa. Ele disse que os empregos dos
trabalhadores estarão garantidos
caso o negócio venha a ocorrer.
Em nota oficial, a Cadbury reforçou o "compromisso de manter a fábrica de Vila Velha e investir para que a Garoto possa se desenvolver mais e ocupar um lugar
de destaque no cenário nacional".
A Cadbury é o quarto produtor
mundial de chocolates e está presente em 200 países.
Outra forte candidata, segundo
analistas, é a Mars, líder mundial
no mercado de chocolates.
Com agências internacionais
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