São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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Palocci e Furlan divergem sobre real valorizado

FERNANDO ITOKAZU
HUMBERTO MEDINA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Enquanto o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) destacou ontem que a valorização do real "significa melhoria do país", o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) afirmou que "o conforto de hoje não garante o sucesso de amanhã".
Durante evento no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Palocci descartou qualquer tipo de intervenção no câmbio por considerar que a atual política tem feito bem ao Brasil.
"Não vamos interferir no nível de câmbio por dois motivos. Primeiro, não é uma boa política; segundo, porque nunca dá certo", disse o ministro, que foi questionado sobre o assunto após o Banco Central comprar dólares por três dias consecutivos.
Segundo ele, a atual situação cambial gerou avanços sociais. "O câmbio, quando se desloca no sentido de apreciar a moeda do país -e isso é resultado de melhoria nos indicadores e fundamentos-, significa melhoria do país, de renda das famílias. Nós não podemos lutar contra isso, temos de favorecer essa evolução." Para ele, não há interferência negativa sobre as exportações.

Exportações comprometidas
Questionado sobre o assunto durante entrevista no Ministério do Desenvolvimento, Furlan disse que o dólar mais barato já começa a comprometer o ritmo de crescimento das exportações brasileiras para o ano que vem.
"Há o reconhecimento geral de que setores econômicos estão perdendo o ímpeto exportador porque não têm mais rentabilidade, principalmente em alguns mercados."
As notícias que chegam ao ministério, afirmou Furlan, são que, "além do setor de calçados, que reduziu o volume exportado em 2005, outros setores. como o da linha branca e automotivo, estão revendo os projetos para o ano que vem".
Informado da avaliação de Palocci, Furlan respondeu: "Na fotografia de hoje, ele tem razão. Mas, por termos no nome [do ministério] a palavra "desenvolvimento", temos a obrigação de olhar para o futuro. Colhemos hoje o que plantamos em 2003 e em 2004. Para o ano que vem, vamos colher o que estamos plantando agora".
Defensor de uma maior atuação do governo para valorizar o dólar, ele ressaltou ainda que tem "a obrigação de alertar de que o conforto de hoje não garante o sucesso de amanhã".
Palocci também afirmou que as ações do Banco Central não são intervenção e não têm relação com a valorização do real diante da moeda dos EUA, mas com o nível das reservas brasileiras.
"Se você olhar as reservas que tínhamos em janeiro de 2003 e olhar as que temos hoje, que são quase três vezes maior, você vai entender por que o BC e o Tesouro atuam no mercado cambial."


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