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Palocci e Furlan divergem sobre real valorizado
FERNANDO ITOKAZU
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto o ministro Antonio
Palocci Filho (Fazenda) destacou
ontem que a valorização do real
"significa melhoria do país", o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) afirmou que "o
conforto de hoje não garante o sucesso de amanhã".
Durante evento no Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), Palocci descartou
qualquer tipo de intervenção no
câmbio por considerar que a atual
política tem feito bem ao Brasil.
"Não vamos interferir no nível
de câmbio por dois motivos. Primeiro, não é uma boa política; segundo, porque nunca dá certo",
disse o ministro, que foi questionado sobre o assunto após o Banco Central comprar dólares por
três dias consecutivos.
Segundo ele, a atual situação
cambial gerou avanços sociais. "O
câmbio, quando se desloca no
sentido de apreciar a moeda do
país -e isso é resultado de melhoria nos indicadores e fundamentos-, significa melhoria do
país, de renda das famílias. Nós
não podemos lutar contra isso, temos de favorecer essa evolução."
Para ele, não há interferência negativa sobre as exportações.
Exportações comprometidas
Questionado sobre o assunto
durante entrevista no Ministério
do Desenvolvimento, Furlan disse que o dólar mais barato já começa a comprometer o ritmo de
crescimento das exportações brasileiras para o ano que vem.
"Há o reconhecimento geral de
que setores econômicos estão
perdendo o ímpeto exportador
porque não têm mais rentabilidade, principalmente em alguns
mercados."
As notícias que chegam ao ministério, afirmou Furlan, são que,
"além do setor de calçados, que
reduziu o volume exportado em
2005, outros setores. como o da linha branca e automotivo, estão
revendo os projetos para o ano
que vem".
Informado da avaliação de Palocci, Furlan respondeu: "Na fotografia de hoje, ele tem razão. Mas,
por termos no nome [do ministério] a palavra "desenvolvimento",
temos a obrigação de olhar para o
futuro. Colhemos hoje o que
plantamos em 2003 e em 2004.
Para o ano que vem, vamos colher
o que estamos plantando agora".
Defensor de uma maior atuação
do governo para valorizar o dólar,
ele ressaltou ainda que tem "a
obrigação de alertar de que o conforto de hoje não garante o sucesso de amanhã".
Palocci também afirmou que as
ações do Banco Central não são
intervenção e não têm relação
com a valorização do real diante
da moeda dos EUA, mas com o
nível das reservas brasileiras.
"Se você olhar as reservas que tínhamos em janeiro de 2003 e
olhar as que temos hoje, que são
quase três vezes maior, você vai
entender por que o BC e o Tesouro atuam no mercado cambial."
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