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SINAIS MISTOS
Produção subiu 1,1% no mês, mas IBGE vê desaceleração no trimestre
Indústria reage em agosto, mas 3º trimestre será pior
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar de reagir em agosto, a
indústria perdeu fôlego no terceiro trimestre deste ano, segundo o
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Depois de cair
1,9% em julho, a produção do setor subiu 1,1% em agosto, na comparação com o mês anterior.
De julho a setembro, porém, o
setor sofreu desaceleração, e o IBGE estima que o crescimento será
menor do que no segundo trimestre. Na média de julho e agosto,
houve alta de só 0,3% na produção industrial. No segundo trimestre, a expansão havia sido de
2%. Em relação a agosto de 2004,
a indústria cresceu 3,8%.
"O terceiro trimestre vai ter um
incremento menor. Há uma desaceleração em curso", afirmou o
chefe da Coordenação de Indústria do IBGE, Sílvio Sales.
Especialistas já prevêem que tal
movimento terá impacto no PIB.
Sob influência de um crescimento
mais baixo da indústria, a Tendências Consultoria prevê que o
PIB tenha subido 0,5% no terceiro
trimestre -menos do que os
2,4% do segundo trimestre.
"O resultado de agosto ficou
acima das expectativas, mas o dado do terceiro trimestre deve vir
fraco. Só esperamos uma reação
mais forte nos três últimos meses
do ano", disse Guilherme Maia,
economista da Tendências. A indústria, prevê, deve fechar o trimestre com taxa estável. A menor
confiança do consumidor e o aumento da inadimplência -que
afetam as vendas de bens duráveis
(móveis, eletrodomésticos e veículos)- são algumas das causas
da desaceleração, acredita Maia.
Para o Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial), a perda de ritmo do setor
está ligada à política de juros altos:
"A instabilidade [do crescimento
da produção] decorre do fato de
que a indústria ainda não reencontrou uma trajetória regular de
expansão após a estagnação que a
política monetária restritiva determinou para o setor entre setembro de 2004 e fevereiro de
2005", diz o instituto em relatório.
Em suas vendas, a indústria já
sente mais o desaquecimento.
Anteontem, a CNI (Confederação
Nacional da Indústria) divulgou
recuo de 1,08% nas vendas.
Tal indicador aparentemente
contradiz os dados de produção,
que apresentaram expansão em
agosto. Para especialistas, há um
movimento de formação de estoques para vendas de fim de ano.
Sob impacto do aumento da
renda e da queda da inflação, os
bens não-duráveis lideraram o
crescimento da indústria em
agosto, com alta de 1,6% ante julho, a maior variação do desde janeiro. O desempenho da categoria foi impulsionado por farmacêuticos, bebidas e combustíveis.
"Esse resultado aponta novo padrão de crescimento, antes baseado em crédito e exportação. Agora, há indicadores de melhora da
massa de salários, expansão da
renda e preços em queda, especialmente alimentos", diz Sales.
Já a produção de bens duráveis
teve queda de 1,7%. Sales e Maia
não crêem que essa seja uma tendência nem que o crédito, propulsor desse setor, esteja se esgotando. Vêem um refluxo após meses
de forte alta: 13% no ano. Em
agosto, o destaque negativo foi o
setor de material eletrônico e
equipamentos de comunicação.
Já a produção de bens de capital
subiu 3,1% em agosto, sinal de recuperação na produção de máquinas e equipamentos, que havia
recuado em julho.
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