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COMÉRCIO MUNDIAL
Subsecretário afirma que retaliação pode gerar "agravantes" e é ferramenta que deve ser "usada com cuidado"
EUA criticam ação brasileira contra algodão
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Robert Zoellick, subsecretário
de Estado dos EUA, disse ontem
que a decisão do governo brasileiro de aplicar retaliações comerciais a seu país por conta dos subsídios agrícolas concedidos aos
produtores de algodão é "contraproducente". Em visita a Brasília,
o ex-representante de Comércio
norte-americano declarou que a
adoção de tais medidas pode
agravar a situação.
O Brasil pediu ontem autorização à OMC (Organização Mundial do Comércio) para retaliar o
parceiro comercial em mais US$ 1
bilhão por ano, suspendendo patentes e serviços do país. O Brasil
já tem autorização do órgão para
impor sanções no valor de US$ 3
bilhões a produtos americanos.
"Francamente, retaliação poderia ser contraproducente. Da minha experiência, posso dizer que
esse tipo de ação faz com que outras coisas aconteçam, gerando
agravantes. Retaliação é uma ferramenta, mas deve ser usada com
cuidado", afirmou Zoellick.
O Itamaraty não comentou a
declaração, mas divulgou nota na
qual diz que o "Brasil lamenta essa situação". A nota diz que a implementação das recomendações
feitas pela OMC "é fundamental
para a credibilidade do sistema
multilateral de comércio".
Zoellick lembrou que o governo
americano já enviou ao Congresso proposta de alterações na legislação para resolver o problema
dos subsídios ao algodão. Na avaliação do subsecretário, o mecanismo de retaliação deve ser aplicado só quando o país acusado
não busca resolver o problema.
Ele acrescentou que as discussões no âmbito da Rodada Doha
tratam de forma mais ampla da
questão dos subsídios agrícolas.
Zoellick aproveitou para criticar
o nível de abertura do Brasil.
"O Brasil é muito agressivo
quando se trata da venda de produtos agrícolas, mas não quando
é para abrir mercado de bens manufaturados e serviços."
Já o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, criticou ontem o comportamento dos EUA no caso, dizendo que o país era "parte do
problema" ao não cumprir a decisão da OMC. Lamy disse ainda
que o algodão era "de especial importância" para países em desenvolvimento.
Colaborou Ana Flor, da Sucursal de Brasília
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