UOL


São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presidente da Força Sindical diz que não faz a "menor questão" de segurar as entidades que estão saindo

CUT prepara "boas-vindas" a novos filiados

DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT prepara para o início de 2004 uma comemoração de "boas-vindas" para os sindicatos e federações que estão migrando para a central. A informação é do presidente da CUT-São Paulo, Edílson de Paula.
Entre as entidades que já estão se filiando à central -ou negociam nos bastidores sua ida para a entidade- estão sindicatos que representam trabalhadores de vários setores: hoteleiro, rural, construção civil, transporte, gráfico, químico e borracha.
"Falta só marcar o dia para a filiação", afirma Almir Macedo Pereira, presidente do Sindicato dos Condutores em Transporte Rodoviário de Cargas Próprias de São Paulo. O sindicato, com cerca de 4.000 filiados, deixou a Força Sindical há dois meses porque seus dirigentes acreditavam que havia "pouco espaço" na central.
Com 15 mil trabalhadores em sua base, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra assinou há duas semanas a ficha de filiação à CUT. "A entidade era independente havia 60 anos, mas decidiu que a mudança era necessária para fortalecer sua campanha salarial e, com isso, ampliar a conquista de direitos", afirma Luiz Carlos Biazi, presidente do sindicato.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Artefatos de Borracha do Estado de São Paulo, que reúne dez sindicatos, também se desfiliou recentemente da Força Sindical. "É bem provável nossa filiação à CUT. Temos uma reunião na próxima semana", afirma Esmeraldo Fernandes da Silva, presidente da federação.
Metade dos sindicatos filiados à essa entidade deve migrar -com a federação- para a CUT, segundo a Folha apurou.
"Não posso dizer dessa água não bebo e desse pão não como", afirma Moacyr Firmino dos Santos, presidente do Sindicato dos Empregados em Escritórios de Empresas de Transporte em São Paulo e em Itapecerica da Serra, filiado à Força Sindical.
A entidade nega oficialmente a mudança de lado, mas há boatos que estaria negociando nos bastidores a troca por outra central.
A Folha apurou que, assim que alguns sindicatos começaram a se movimentar para deixar a Força, a central contra-atacou. Líderes da Força Sindical procuraram os sindicalistas e chegaram a oferecer cargos na direção executiva para evitar uma "debandada".
Para o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, a saída dessas entidades é insignificante. "Não faço a menor questão de segurar os sindicatos que estão saindo. Podem ir [para outra central]."
"Se o Lula não cumprir o que prometeu, combater o desemprego, criar 10 milhões de postos de trabalho, recuperar o poder aquisitivo e mudar a política econômica, o que vai acontecer é a saída de sindicatos da CUT", diz o presidente da Força.
Na opinião de Paulinho, entretanto, o relacionamento entre as duas centrais -CUT e Força- nunca esteve tão bom. "Estamos afinados na reforma sindical."

Migração rural
A migração de sindicatos independentes ou vindos de centrais concorrentes para a CUT tem sido mais intensa na área rural. A Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), ligada à CUT, deve receber a filiação de 20 sindicatos ainda neste mês.
A ida desses sindicatos à federação ocorreu por dois motivos. Primeiro, porque a Feraesp ganhou na Justiça o direito de representar os assalariados rurais. Até então, a Fetaesp (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo) era a representante na região de trabalhadores e produtores rurais. O segundo motivo foi a afinidade política com a central.
"O movimento sindical passa por uma forte disputa", afirma Élio Neves, presidente da Feraesp.
"Inegavelmente, a CUT tem maior importância no atual governo do que tinha no anterior, até porque as lideranças do PT vieram da central. Isso serve de motivação para os sindicalistas. Eles acreditam que indo à CUT estarão mais próximos das benesses do governo. Eu não acredito nisso. Se algum sindicalista estiver pensando assim, vai dar com os burros n'água", afirma Neves.
Fusão?
A mudança que ocorre na base do movimento sindical -com os sindicatos e federações de trabalhadores- pode chegar ao topo, com a união de centrais sindicais.
São sete hoje as centrais que atuam no país -CUT, Força, CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores), CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil) , CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores), SDS (Social Democracia Sindical) e CBTE (Central Brasileira dos Trabalhadores e Empreendedores).
A Folha apurou que a primeira unificação pode ocorrer entre a CUT e a CGTB. A entidade informa reunir atualmente 625 sindicatos filiados. Juntos, eles representam cerca de 1,2 milhão de trabalhadores no país.
Antonio Neto, presidente da CGTB, nega oficialmente a união, mas defende a existência de uma única central sindical no Brasil. Também admite ser "mais afinado com a CUT" do que com as demais centrais.
(CLAUDIA ROLLI E FÁTIMA FERNANDES)

Texto Anterior: Show sindical: Em expansão, CUT adere às megafestas
Próximo Texto: "Mudança é conservadora"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.