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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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"Mudança é conservadora"

DA REPORTAGEM LOCAL

Ao adotar estratégias de marketing semelhantes a concorrente, a CUT pode caminhar para uma "modernização conservadora", na avaliação de especialistas consultados pela Folha.
Para o professor da USP Arnaldo Mazzei Nogueira, da área de relações do trabalho, "é lamentável ver que uma central [CUT] marcada por um sindicalismo autêntico e combativo decide incorporar um modelo de atuação voltado para ações de marketing".
Segundo Nogueira, a busca pela "modernização" pode significar, na prática, o retorno ao "conservadorismo" no movimento sindical. "Tenho medo dessa palavra modernização. Ao buscar essa trajetória, os sindicatos caminham para uma posição mais de centro, que desemboca em ações conservadoras. Essa linha de atuação, definida por um grupo hegemônico [a corrente Articulação Sindical, majoritária na CUT] pode levar a central a uma crise interna, uma vez que há correntes e tendências mais radicais que vão resistir a essas mudanças."
Na sua avaliação, centrais e sindicatos estão marcando seus territórios com a proximidade da reforma sindical em debate no Fórum Nacional do Trabalho e prevista para ocorrer em 2004. "Os discursos entre as centrais tendem a se aproximar, mas o que está de fato em jogo são interesses sindicais e políticos, além de carreiras e poder", diz Nogueira.
Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, ao aumentar suas filiações e sondar outras centrais, a CUT pode tentar se transformar na central única dos trabalhadores, o que almeja desde a sua fundação. "Até então, a CUT nunca foi única. O momento é muito bom para tentar isso."
Ele não acredita, no entanto, que isso ocorra, uma vez que o movimento sindical sempre foi fragmentado. "Mas, com a vitória do Lula, é possível que muitos sindicalistas migrem para a CUT por causa de sua influência no governo petista. No Ministério do Trabalho, por exemplo, existem muitos sindicalistas ligados à essa central", diz. (CR e FF)

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