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São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2003

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CUT pedirá doação de alimentos a vítimas da seca; empresas poderão comprar cotas de patrocínio do show

Central diz buscar 1º de Maio "social"

DA REPORTAGEM LOCAL

O objetivo da CUT (Central Única dos Trabalhadores), ao optar por uma comemoração no 1º de Maio de 2004 que pretende reunir milhares de pessoas, é ampliar o direito à "cidadania", promover a inclusão social e pôr fim de vez à fama de radical, informam dirigentes da central.
"Não há mudança de ideologia, nem queremos disputar público com as demais centrais. Já fazíamos eventos com artistas e intelectuais mais ligados à esquerda", afirma o presidente da CUT-São Paulo, Edílson de Paula.
"Optamos por realizar no próximo ano atividades voltadas para a área social", afirma o sindicalista. Uma das idéias em estudo é que, durante a festa do 1º de Maio, a central solicite a doação de alimentos não-perecíves a serem destinados às pessoas atingidas pela seca da região Nordeste.
As ações voltadas para cidadania devem começar no dia 4 de abril, com eventos espalhados em quatro regiões de São Paulo. Uma vez por semana, a CUT planeja realizar 300 mil atendimentos à população -eles incluem prestação de serviços médicos, orientação na área de meio ambiente, atividades relacionadas à cultura, ciência e tecnologia, retirada de documentos, entre outros. Para isso, haverá participação de voluntários, entidades da sociedade civil e governo, além de cerca de 3.500 temporários que devem ser contratados. O público estimado é de 800 mil pessoas.
"A central escolheu ações voltadas para a cidadania em vez de fazer sorteios, como os que ocorrem nas comemorações da Força Sindical", diz o marqueteiro André Guimarães, que prestou serviços à Força durante seis anos. Sua empresa, a Fun Prime Promoções e Eventos, funcionava na sede da Força até dois meses atrás.
Sobre o fato de a central adotar a mesma estratégia da Força para bancar os custos com o 1º de Maio -a venda de cotas de patrocínio-, o presidente da CUT-SP afirma que isso "não afeta as bandeiras da central".
"Vamos continuar lutando por emprego, salário, distribuição de renda, reforma agrária e pelos direitos dos trabalhadores. O patrocínio virá de empresas socialmente responsáveis, que já disponibilizavam recursos para publicidade", afirma o sindicalista.
"É claro que não vamos fazer parceria com quem não recolhe o FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] ou emprega trabalho escravo", diz de Paula.

Aumento nas filiações
A migração de sindicatos para a CUT já era prevista, avalia Luiz Marinho, presidente da entidade. "Muitos sindicatos que não eram ligados a uma central não querem ficar isolados em um momento em que se debate mudanças na estrutura sindical", diz.
Para ele, a disputa entre as centrais será "natural, legítima e tranquila". "A procura [para fazer parte da CUT] aumentou e tende a crescer". Mas ele ressalta que há critérios para a filiação.
"O sindicato interessado [em se filiar] tem de fazer assembléia com a sua categoria, além de apresentar atas e documentos que legitimem essa decisão." Após essa etapa, explica, o pedido será analisado. Se houver o compromisso de obedecer as regras e as exigências determinadas pela entidade -como a contribuição de 10% do orçamento do sindicato para a central-, o sindicato passa a integrar o quadro da CUT.
Na opinião de Marinho, as mudanças no movimento sindical tendem a ser mais intensas entre os sindicatos e as federações de trabalhadores do que entre as sete centrais sindicais que existem hoje no sistema sindical brasileiro.
"A existência de apenas uma central é um sonho que não existe. A tendência no Brasil é que existam, no máximo, quatro centrais após a reforma. Uma estrutura parecida à que existe na Espanha", afirma. (CR e FF)

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