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Bush anuncia plano contra crise imobiliária
Medida, que inclui congelamento de juros de hipotecas por 5 anos, tem várias limitações; presidente diz "que não há solução perfeita"
Plano não vai estar disponível, por exemplo, para quem tem
mais de uma casa e para os que estão com pagamentos
atrasados por mais de 30 dias
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George W. Bush, apresentou ontem
plano de ajuda para impedir
que vários proprietários de
imóveis percam suas residências. Conforme já esperado, um
dos itens da proposta, que promete auxiliar até 1,2 milhão de
proprietários, é o congelamento por cinco anos da taxa de juros de algumas hipoteca "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento).
"Não há solução perfeita,
mas os proprietários de casas
merecem a nossa ajuda. E os
passos que apresentei hoje são
uma resposta sensata a um sério desafio", disse o presidente.
A frase "não há solução perfeita" também foi usada pelo secretário do Tesouro, Henry
Paulson, que disse que o plano
não era uma "bala de prata".
Bush apresentou a proposta
como forma de ajudar os donos
de imóveis ao mesmo tempo
em que se tenta impedir que a
crise imobiliária afete ainda
mais o restante economia dos
EUA, que, de maneira geral,
ainda apresenta bons números
-o PIB cresceu 4,9% no terceiro trimestre, o maior avanço
em quatro anos. "A economia
americana se mostrou muito
resistente -e é forte, flexível e
dinâmica o suficiente para resistir a essa tempestade."
Desaceleração
Apesar do avanço no último
trimestre, várias estimativas,
inclusive do BC dos EUA, apontam que a principal economia
mundial deverá se desacelerar
nos próximos meses. A crise no
mercado de crédito imobiliário
americano ficou evidente no final de julho deste ano, gerando
queda nas principais Bolsas
mundiais e elevando os temores sobre os rumos da economia dos EUA.
O plano do governo americano, negociado nas últimas semanas com financeiras, autoridades regulatórias e grupos de
consumidores, servirá para
pessoas que comprovarem que
podem continuar pagando em
dia suas hipotecas com a taxa
de juros inicial, mas que não
podem, com juros maiores,
cumprir com suas obrigações.
No mercado "subprime", as
taxas de juros iniciais da hipoteca são menores -como uma
forma de atrair mais usuários-
e aumentam durante o restante
do contrato. Essa elevação pode provocar elevação de até
30% nas mensalidades, o que
deve aumentar o número de arrestos. No ano que vem, cerca
de 1,5 milhão de hipotecas
"subprime" terão seus juros
reajustados.
Alguns itens do projeto ainda
precisam ser aprovados pelo
Congresso, mas não é o caso do
congelamento dos juros. Essa
medida não é obrigatória, mas,
como foi negociada com as
principais empresas do mercado de hipotecas imobiliárias,
deverá ser seguida pelas companhias do setor.
Limitações
O acordo, no entanto, tem
uma série de limitações, que vai
excluir vários usuários que pegaram hipotecas "subprime".
Ele não vai estar disponível, por
exemplo, para quem tem mais
de uma casa, para pessoas que
estão com seus pagamentos
atrasados por mais de 30 dias
-cerca de 22%, segundo a empresa First American LoanPerformance- e só vai valer para
hipotecas que foram tomadas
entre 1º de janeiro de 2005 e 30
de julho deste ano e que devem
ser reajustadas no ano que vem
e em 2009.
E, segundo Bush, só vale para
"proprietários responsáveis"
que correm o risco de perder
suas residências. "Não devemos nos responsabilizar por
emprestadores, especuladores
do mercado imobiliário e por
aqueles que decidiram temerariamente adquirir uma casa
apesar de saber que não poderiam pagá-la."
De acordo com dados divulgados ontem, 0,78% das hipotecas nos EUA começaram o
processo de arresto no terceiro
trimestre, superando o recorde
anterior, de 0,65%, estabelecido no trimestre anterior. O número de hipotecas que estão
com seus pagamentos atrasados por pelo menos 30 dias chegou a 5,59%, ante 5,12% no segundo trimestre, e atingiu o seu
maior nível desde 1986.
Com o "New York Times"
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