São Paulo, sexta-feira, 07 de dezembro de 2007

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Bush anuncia plano contra crise imobiliária

Medida, que inclui congelamento de juros de hipotecas por 5 anos, tem várias limitações; presidente diz "que não há solução perfeita"

Plano não vai estar disponível, por exemplo, para quem tem mais de uma casa e para os que estão com pagamentos atrasados por mais de 30 dias

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, apresentou ontem plano de ajuda para impedir que vários proprietários de imóveis percam suas residências. Conforme já esperado, um dos itens da proposta, que promete auxiliar até 1,2 milhão de proprietários, é o congelamento por cinco anos da taxa de juros de algumas hipoteca "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento).
"Não há solução perfeita, mas os proprietários de casas merecem a nossa ajuda. E os passos que apresentei hoje são uma resposta sensata a um sério desafio", disse o presidente. A frase "não há solução perfeita" também foi usada pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, que disse que o plano não era uma "bala de prata".
Bush apresentou a proposta como forma de ajudar os donos de imóveis ao mesmo tempo em que se tenta impedir que a crise imobiliária afete ainda mais o restante economia dos EUA, que, de maneira geral, ainda apresenta bons números -o PIB cresceu 4,9% no terceiro trimestre, o maior avanço em quatro anos. "A economia americana se mostrou muito resistente -e é forte, flexível e dinâmica o suficiente para resistir a essa tempestade."

Desaceleração
Apesar do avanço no último trimestre, várias estimativas, inclusive do BC dos EUA, apontam que a principal economia mundial deverá se desacelerar nos próximos meses. A crise no mercado de crédito imobiliário americano ficou evidente no final de julho deste ano, gerando queda nas principais Bolsas mundiais e elevando os temores sobre os rumos da economia dos EUA.
O plano do governo americano, negociado nas últimas semanas com financeiras, autoridades regulatórias e grupos de consumidores, servirá para pessoas que comprovarem que podem continuar pagando em dia suas hipotecas com a taxa de juros inicial, mas que não podem, com juros maiores, cumprir com suas obrigações.
No mercado "subprime", as taxas de juros iniciais da hipoteca são menores -como uma forma de atrair mais usuários- e aumentam durante o restante do contrato. Essa elevação pode provocar elevação de até 30% nas mensalidades, o que deve aumentar o número de arrestos. No ano que vem, cerca de 1,5 milhão de hipotecas "subprime" terão seus juros reajustados.
Alguns itens do projeto ainda precisam ser aprovados pelo Congresso, mas não é o caso do congelamento dos juros. Essa medida não é obrigatória, mas, como foi negociada com as principais empresas do mercado de hipotecas imobiliárias, deverá ser seguida pelas companhias do setor.

Limitações
O acordo, no entanto, tem uma série de limitações, que vai excluir vários usuários que pegaram hipotecas "subprime". Ele não vai estar disponível, por exemplo, para quem tem mais de uma casa, para pessoas que estão com seus pagamentos atrasados por mais de 30 dias -cerca de 22%, segundo a empresa First American LoanPerformance- e só vai valer para hipotecas que foram tomadas entre 1º de janeiro de 2005 e 30 de julho deste ano e que devem ser reajustadas no ano que vem e em 2009.
E, segundo Bush, só vale para "proprietários responsáveis" que correm o risco de perder suas residências. "Não devemos nos responsabilizar por emprestadores, especuladores do mercado imobiliário e por aqueles que decidiram temerariamente adquirir uma casa apesar de saber que não poderiam pagá-la."
De acordo com dados divulgados ontem, 0,78% das hipotecas nos EUA começaram o processo de arresto no terceiro trimestre, superando o recorde anterior, de 0,65%, estabelecido no trimestre anterior. O número de hipotecas que estão com seus pagamentos atrasados por pelo menos 30 dias chegou a 5,59%, ante 5,12% no segundo trimestre, e atingiu o seu maior nível desde 1986.


Com o "New York Times"

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