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RECEITA ORTODOXA
Pesquisa do BC mostra que analistas esperam novas altas da Selic e que expectativa de inflação não mudou
Mercado vê juros a 19% de março a agosto
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros devem voltar a subir
neste mês e no próximo, chegando a 19% ao ano em março e permanecendo nesse nível até agosto. Esse aperto, porém, não será
suficiente para fazer com que a inflação deste ano fique dentro da
meta fixada pelo Banco Central.
A previsão foi feita por um grupo de cem analistas de mercado
consultados pelo BC na última
sexta-feira. A cada semana, diante
de sinais de novos aumentos nos
juros emitidos pelo BC, os analistas elevam suas projeções para o
comportamento da taxa Selic, hoje em 18,25% ao ano. A estimativa
para o IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), por sua vez,
permanece em torno de 5,7%.
O IPCA serve de parâmetro para as metas de inflação do governo. Para este ano, ela foi fixada pelo BC em 5,1%. Entre setembro e
janeiro, a taxa Selic foi elevada de
16% ao ano para 18,25%. Uma das
justificativas apresentadas foi a
necessidade de aumentar a confiança do mercado na possibilidade de cumprir as metas de inflação -o que, segundo indicam os
levantamentos feitos até agora,
não ocorreu.
A pesquisa mostra que a maior
fonte de pressão inflacionária são
os chamados preços administrados, que incluem, entre outros
itens, tarifas públicas e combustíveis. A expectativa do mercado é
que esse conjunto de preços sofra
um reajuste médio de 7% no ano.
Em tese, os preços administrados são menos sensíveis à elevações dos juros. Juros altos inibem
a inflação porque desestimulam o
consumo e os investimentos do
setor privado. Isso desacelera a
economia, o que, por sua vez, reduz o espaço que as empresas têm
para reajustar seus preços.
No último dia 27, o BC divulgou
a ata da reunião de janeiro do Copom (Comitê de Política Monetária), quando os juros foram elevados em 0,5 ponto percentual.
No documento, a diretoria da
instituição indica que a série de
elevações da taxa Selic deve continuar nos próximos meses. A próxima reunião do Copom será na
semana que vem.
Expectativas
Quando o documento foi divulgado, a expectativa do mercado,
segundo o levantamento do BC,
era que a inflação fosse ficar em
5,70%. Segundo a pesquisa feita
na sexta-feira passada, a estimativa foi revisada para 5,75%.
As projeções para o comportamento dos juros também se alteraram nesse período. No final de
janeiro, a expectativa era que a Selic subisse 0,25 ponto percentual
neste mês -estimativa que, agora, foi elevada para 0,5 ponto. O
início do processo de redução da
taxa, que antes era esperado para
abril, está sendo projetado pelo
mercado apenas para agosto. Até
dezembro, os juros cairiam para
16,75% ao ano.
Segundo a pesquisa, porém, a
expectativa de juros mais altos
não modificou as previsões para o
comportamento da economia.
Para este ano, projeta-se uma expansão de 3,7% para o PIB (Produto Interno Bruto), mesmo valor previsto no final de janeiro.
Para a produção industrial, a estimativa é de um crescimento de
4,65%, também próximo dos
4,63% apontados pelo levantamento anterior.
As projeções para o dólar, por
sua vez, permanecem em queda.
A moeda deve encerrar 2005 cotada a R$ 2,87, contra R$ 2,90 previstos pela pesquisa de janeiro.
Por outro lado, mesmo com o real
mais forte, a projeção para o saldo
da balança comercial deste ano
permaneceram praticamente estável: passou de US$ 26,50 bilhões
para US$ 26,49 bilhões.
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