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Em meio a boatos, dólar sobe 0,34% e Bolsa recua 1,68%
Moeda tem maior alta desde 5 de janeiro sob especulações de saída de Meirelles
BC compra no mercado cerca de US$ 500 mi, e divisa fecha cotada a R$ 2,093; analistas descartam
tendência de valorização
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Especulações marcaram os
negócios ontem, especialmente
no mercado de câmbio. Durante os pregões, muitos boatos sobre uma possível saída de Henrique Meirelles da presidência
do BC, além de mudanças na
política cambial, circularam
pelas mesas de operações.
O dólar terminou com valorização de 0,34% -a maior desde
5 de janeiro- e fechou cotado a
R$ 2,093.
O encontro que reuniu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e Meirelles, na
noite de terça, fomentou as especulações que ajudaram a
frear a rota de queda do dólar.
Profissionais do mercado
afirmaram que a atuação do
Banco Central no câmbio também foi mais firme. A autoridade monetária comprou em leilão dólares de 12 instituições financeiras, em montante estimado em aproximados US$
500 milhões.
Até a semana passada, antes
de a moeda norte-americana
ameaçar romper o piso de R$
2,10, o Banco Central vinha
comprando por dia cerca de
US$ 150 milhões.
"O dia foi de especulações
exageradas", afirma Maristella
Ansanelli, economista-chefe do
banco Fibra. "Entendo que falou-se muito mais do que o tema merecia."
Uma das críticas que têm sido feitas ao BC -inclusive por
integrantes do governo- é a
manutenção dos juros nos
atuais níveis. O Brasil tem a taxa real (descontada a inflação)
mais elevada do mundo, em
torno de 8,5% anuais, o que
acaba por atrair capital externo
especulativo e, conseqüentemente, valorizar o real.
"O mercado especulou muito
com o que ocorreria com uma
hipotética saída do Meirelles,
pois, enquanto ele estiver na
presidência do BC, ninguém espera que haja uma mudança de
rota na condução da política
monetária e cambial", diz José
Roberto Carreira, diretor da
corretora de câmbio Novação.
A não ser que as especulações
se concretizem, a tendência é a
de o câmbio se manter no atual
patamar, avaliam analistas.
Mesmo que o mercado repita
hoje o dia mais estressado de
ontem, não há expectativas de
que o dólar passe a subir de forma consistente no curto prazo.
Ações em baixa
Na Bolsa de Valores de São
Paulo, o pregão também não foi
tranqüilo. A Bovespa terminou
com queda de 1,68%, após bater
em novo pico histórico nos primeiros minutos de pregão (alcançou os 45.425 pontos).
A queda de ações de forte peso no Ibovespa (índice mais importante da Bolsa), motivada
por realização de lucros, impediu que o mercado acionário se
mantivesse em alta.
As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas da
Bovespa, tiveram desvalorização de 2,91%. Outra ação de peso importante, a ON (ordinária) da Vale do Rio Doce, teve
perdas de 2,47%.
Investidores estrangeiros estiveram entre os que mais venderam ações ontem, afirmaram
operadores de corretoras.
No mês, até o dia 5, o balanço
das operações dos estrangeiros
na Bovespa estava positivo em
R$ 161,7 milhões. Em janeiro,
esse saldo ficou negativo em R$
1,26 bilhão.
O risco-país, refletindo a venda mais expressiva de títulos da
dívida brasileira no mercado
internacional, chegou ao fim
dos negócios de ontem em alta
de 1,7%, a 184 pontos.
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