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Folhainvest
Abalo nos mercados provoca temor de novo ciclo de baixa
Turbulência no cenário internacional faz Bovespa perder o ritmo forte de janeiro
Para analistas, entre os fatores que mais afetaram a Bolsa estão a dependência das commodities e maior presença de capital externo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de iniciar 2010 em
forte ritmo e fazer muita gente
imaginar que este seria mais
um ano de expressivos lucros
na Bolsa de Valores, o mercado
de ações virou, sucumbindo à
piora do cenário internacional.
A BM&FBovespa amarga perdas acumuladas de 8,49% no
ano -isso sem que as perspectivas favoráveis para a economia e as empresas brasileiras
sofressem qualquer mácula.
A dúvida que se instaurou é
se essa queda toda foi apenas
um susto ou se um novo período, menos afortunado para as
ações, se iniciou. Apenas na semana passada, o índice Ibovespa, o principal do mercado, sofreu desvalorização de 4,04%.
"Temos de considerar que
havia muita gordura para a Bolsa queimar. Ainda é cedo para
falar que o mercado abandonou
o canal de alta e pensar que voltará a enfrentar momentos como os vividos durante o pior da
crise. Vou começar a me preocupar mais caso a Bolsa perca o
patamar dos 60 mil pontos", diz
Maurício Ceará, estrategista da
Santander Corretora.
O que os analistas têm destacado é que três fatores pesaram
para que a Bolsa fosse uma das
mais punidas no mundo nos últimos pregões: sua grande dependência de papéis atrelados
às commodities; o fato de ter
subido 82,7% em 2009; e a participação expressiva do capital
externo nos pregões.
No pico do ano, o Ibovespa,
que reúne as 63 ações mais negociadas, atingiu 70.729 pontos. Isso ocorreu no dia 6 de janeiro. Na sexta, desceu a 62.672
pontos, menor patamar em três
meses. A pontuação oscila com
o sobe-e-desce das ações.
Quanto mais valorizados os papéis estão, maior a pontuação.
"As preocupações com a economia de alguns países europeus, como Grécia e Portugal,
deixaram o investidor mais
cauteloso. Como vínhamos de
um longo período de ganhos, o
ajuste acabou ocorrendo. Entendo o que vimos nos últimos
pregões muito mais como uma
realização de lucros, um movimento temporário", diz Roberto Padovani, estrategista-chefe
do banco WestLB.
Para Alexandre Chaia, professor do Insper (antigo Ibmec-SP), "a Bolsa é refém do mundo.
Vai ser difícil retomar os picos
recentes no curto prazo".
Perspectivas
Na opinião do estrategista da
Santander Corretora, apesar
das grandes incertezas de curto
prazo, o mercado de ações
mantém-se como uma aposta
interessante quando se avaliam
períodos mais longos.
"Para quem está fora do mercado e tiver um horizonte de investimentos de longo prazo, dá
para pensar em reservar uns
25% das economias para aplicar na Bolsa", diz Ceará.
Alguns setores tradicionais
da Bolsa, mesmo com expectativas bastante favoráveis para
2010, estão com queda acumulada acima do Ibovespa.
O exemplo mais claro é o do
setor bancário. O papel preferencial do Itaú Unibanco está
com desvalorização anual de
9,58%. A ação PN do Bradesco
registra perdas de 9,06%. E
Banco do Brasil ON amarga recuo de 6,06% no ano. Isso em
um cenário de expectativa de
ampliação dos lucros dos bancos, que prometem ser beneficiados com a expansão do crédito e o aumento dos juros.
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