São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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REUNIÃO DO BID

Instituição cria linha de emergência de US$ 6 bilhões para socorrer países que estão em crise econômica

Argentina só terá recursos do banco após sinal do FMI

JULIANNA SOFIA
ENVIADA ESPECIAL A FORTALEZA

O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) criará uma linha de crédito de US$ 6 bilhões para socorrer países em crise econômica. Embora os recursos sejam destinados a todos os países da América Latina, a Argentina é o principal alvo da medida.
"A única demandante no momento é a Argentina", disse o gerente do Departamento de Operações do Mercosul, Chile e Bolívia do BID, Ricardo Santiago. A nova linha será aprovada durante a 43ª Assembléia Anual do BID, que começou ontem em Fortaleza.
O dinheiro será liberado para o governo argentino somente depois de o FMI (Fundo Monetário Internacional) fechar o acordo de ajuda financeira ao país. "Uma vez que o FMI termine a avaliação e um plano coerente seja aprovado pelo fundo, vamos seguramente dar apoio à Argentina", disse o presidente do BID, Enrique Iglesias.
Os recursos da linha para situações de emergência serão destinados a recompor as reservas cambiais do país. Em contrapartida, o governo terá de garantir a manutenção de investimentos na área social.
Santiago lembrou que essa será a segunda vez que o banco aprovará uma linha desse tipo. Em 98, o Brasil foi beneficiado com um empréstimo emergencial de US$ 4,4 bilhões.
As condições do empréstimo serão diferentes das exigidas nas linhas de crédito tradicionais do BID, cujos recursos precisam ser amortizados em 20 anos. O novo modelo prevê o pagamento do empréstimo em cinco anos.
A taxa de juros anual deverá ser similar a dos empréstimos convencionais - cerca de 7% ao ano. O ministro do Planejamento, Martus Tavares, disse que os governadores do BID (representantes dos 46 países-membros do banco) estão cobrando maior envolvimento da instituição nas questões importantes da região.
"É preciso que o Iglesias sinta o apoio dos governadores para colocar o problema para outros organismos internacionais e para os países ricos", declarou o ministro.

Realocação
Santiago adiantou que o BID deverá rever o sistema de contrapartida dos empréstimos convencionais. Atualmente, o BID entra com 60% dos recursos para investimentos em projetos, e o governo do país, com 40%.
Para projetos na área social, o BID passará a injetar 70% dos recursos, e o restante ficará a cargo do país.
O gerente acrescentou que, no caso da Argentina, o banco está fazendo uma realocação de recursos destinados a projetos de infra-estrutura que estão com baixa execução para a área social. Isso representará um remanejamento de US$ 700 milhões.
As áreas para as quais os empréstimos serão realocados são: bolsa-escola, melhoria de bairros, medicamentos e mães chefes de família em situação de risco.



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