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LEITE DERRAMADO
Para grupo, interventores serão destituídos
Matriz italiana quer reassumir controle da Parmalat no Brasil
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a decisão que reconduziu
Ricardo Gonçalves à presidência
da Parmalat Alimentos, a Parmalat Itália começa a se movimentar
para reassumir o controle sobre a
empresa, que está sob intervenção desde o mês passado.
A Folha apurou que os interventores da matriz escolheram
uma empresa especializada em
gestão de crises para representar
seus interesses no país.
Caso a intervenção no Brasil
caia, e com um mandato da Parmalat italiana nas mãos, esses representantes poderiam nomear
novo conselho de administração e
nova diretoria por meio de uma
assembléia de acionistas.
A aposta dos advogados que representam a matriz é exatamente
que os interventores Keyler Carvalho Rocha, Rubens Salles de
Carvalho e Aroldo Camillo Filho,
nomeados pelo juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de
São Paulo, serão destituídos.
Isso porque, na semana passada, uma decisão do juiz Roque
Mesquita, do 1º Tribunal de Alçada, reconduziu Ricardo Gonçalves e Andrea Ventura -respectivamente presidente e diretor financeiro da empresa antes da intervenção- aos seus cargos.
Mesquita, no entanto, não fez
referência aos interventores, o
que criou uma discussão sobre
quem está no comando da empresa. Os advogados da Parmalat
Brasil nomeados pelos interventores e os que representam a matriz encaminharam recursos pedindo esclarecimentos sobre a extensão da decisão do juiz.
Outro golpe na intervenção foi
dado na última quinta-feira,
quando o terceiro vice-presidente
do Tribunal de Justiça, desembargador Flávio Pinheiro, criticou
Abrão em despacho preliminar. A
decisão de intervir na empresa,
segundo Pinheiro, foi "excessiva".
O desembargador apresentou o
despacho após os advogados da
Parmalat Participações entraram
com um mandato de segurança
pedindo a que a decisão do juiz da
42ª Vara seja revogada.
Antes de dar sua decisão final,
no entanto, Pinheiro estabeleceu
um prazo de dez dias a Abrão para que se pronuncie sobre o caso.
Na tarde da última quinta-feira,
os administradores judiciais, os
advogados da matriz e o juiz
Abrão tiveram uma reunião a
portas fechadas no tribunal.
O objetivo, segundo o interventor Keyler Carvalho Rocha, foi
"discutir o interesse da Parmalat
Itália em participar da solução da
crise". "Existe um interesse comum em se dar uma solução comum para a Parmalat. Toda a ajuda é bem-vinda", afirmou ele.
Segundo Rocha, os advogados
da Parmalat Itália informaram
aos interventores que um executivo representaria a empresa no
Brasil. "Mas não foi apresentada
nenhuma procuração da matriz."
Disse ainda que "existe um interesse de que a empresa ande com
suas próprias pernas". "A briga
estava piorando o quadro. O assunto é muito sério para perder
tempo com discussões judiciais."
O combinado, segundo Rocha,
foi que as conversas continuariam
nesta semana. "Por enquanto é
um início de conversa", disse.
Segundo uma fonte, os interventores estariam mais flexíveis
porque teriam percebido que, em
uma situação de disputas judiciais, ninguém está disposto a oferecer crédito para a empresa.
Mesquita deve esclarecer hoje
sua decisão de reconduzir Gonçalves e Ventura -que viajou para a Itália na semana passada- a
seus cargos.
No mesmo dia, também pode se
determinar em qual vara será julgado o pedido de concordata da
Parmalat, suspenso por causa de
um conflito de competência entre
a 29ª Vara e a 42ª Vara, que estão
analisando processos diferentes
que envolvem o grupo. Antes da
intervenção, a Parmalat Alimentos havia contratado o consultor
Cláudio Galeazzi, que atuou, entre outras empresas, na Artex, Lojas Americanas e Mococa, para
reestruturar a empresa.
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