JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com o fim da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), a indústria automobilística registrou no mês passado o melhor resultado de vendas para um mês de março em três anos. Em termos de produção, foi o melhor março de toda a história para o setor no país.
Foram comercializadas 141,6 mil unidades, o que significa um aumento de 35,2% em relação a fevereiro, segundo a Anfavea (a associação das montadoras). Comparado a março de 2003, quando se venderam 102,7 mil unidades, o aumento foi de 37,9%. É o melhor resultado para o mês desde as 165 mil unidades vendidas em março de 2001.
Deve-se considerar que, diferentemente de 2003, o Carnaval neste ano ocorreu em fevereiro, e não em março. Dessa forma, o total de dias úteis (de vendas) foi de 23, contra 19 em fevereiro. Mas, pela média diária, o número de unidades vendidas em março também foi maior (2%) em relação ao mês anterior. ""Tínhamos um residual de veículos com IPI menor na rede, o que pode ter contribuído para o resultado, mas houve o motivador da queda, ainda que modesta dos juros [o BC cortou a taxa Selic em 0,25 ponto percentual], que estimulou a volta do consumidor", avaliou Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea.
O setor registrou o maior nível de produção para um mês de março em toda a história. As montadoras produziram 190,2 mil unidades, alta de 23,6% em relação a fevereiro e de 33,8% sobre março de 2003. Em termos absolutos, está abaixo apenas de maio de 2001, quando haviam sido fabricadas 198 mil unidades.
No acumulado do primeiro trimestre, as vendas internas somaram 353,8 mil unidades (6,2% maiores que em 2003). A produção total teve alta de 13,5% sobre igual período do ano anterior (atingindo 500.094 unidades).
Para além da demanda doméstica, o aumento da produção em março sustentou-se no desempenho das exportações. As vendas externas de autoveículos e máquinas agrícolas subiram 41,8% em relação a fevereiro: de US$ 476 milhões para US$ 675 milhões. Comparado com março do ano passado, o aumento foi de 63%.
Os melhores resultados de vendas internas e exportações puxaram o nível de emprego na indústria: de janeiro a março deste ano foram abertas 1.216 vagas.

Capacidade ociosa
A despeito dos números de março, a Anfavea não reviu as projeções para a produção deste ano. Pelas estimativas, o setor deve encerrar o ano com 1,99 milhão de unidades produzidas -8% maior que o resultado de 2003.
Como vem sendo praxe desde o ano passado, o presidente da Anfavea argumenta que reduções temporárias de IPI são paliativos.
A alíquota menor de IPI para veículos de até 2.000 cc vigorou entre agosto do ano passado e 28 de fevereiro. No final de março, o governo anunciou que irá reduzir, de novo, o IPI do setor de automóveis, mas desta vez como forma de compensar as mudanças na cobrança da Cofins.
Segundo Carvalho, o setor convive hoje com uma capacidade ociosa de 43%. E a inversão da situação dependeria, sustenta, de mudanças estruturais. ""Pode ser que a solução passe por financiamento, por rediscussão da carga de impostos, que é a maior do mundo para esse setor. Por ora, não há nenhum projeto", afirma.


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