São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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TELEFONIA

Consórcio de operadoras assegura ao menos US$ 360 mi mesmo se negócio for barrado por autoridades regulatórias

Teles fixas elevam oferta pela Embratel

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

O consórcio Calais Participações, que reúne as operadoras de telefonia fixa Telemar, Brasil Telecom e Telefônica, anunciou ontem uma nova proposta pelo controle da Embratel.
Segundo a nova oferta, o consórcio, do qual ainda faz parte a empresa Geodex, irá assegurar que a norte-americana MCI, controladora da Embratel, receba ao menos US$ 360 milhões pela venda da operadora de longa distância, mesmo se o negócio for barrado pelas autoridades regulatórias.
O valor corresponde ao montante oferecido -e aceito pela MCI- pela mexicana Telmex para adquirir a Embratel, em março.
A Calais, que havia oferecido US$ 550 milhões na ocasião, disse ontem manter esse valor e acrescentou que, caso a venda não seja aprovada pelas autoridades regulatórias brasileiras até 8 de julho de 2005, "pagará à companhia norte-americana, como indenização, a diferença [se houver] entre US$ 360 milhões [oferecidos pela Telmex] e o preço obtido pela WorldCom [MCI] na venda da Embratel para outro comprador". A data-limite não foi justificada.
Hoje vence o prazo dado pelo juiz Arthur Gonzalez, da Corte de Falências de Nova York (onde corre o processo de concordata da MCI), para que sejam apresentadas novas propostas pela Embratel ou objeções ao contrato fechado entre a MCI e a Telmex. A decisão do juiz sai na terça-feira.
Segundo a Folha apurou, hoje se reúne o conselho de credores da MCI, nos EUA, e, amanhã, o "board" da empresa, para avaliar as propostas da Telmex e da Calais. A hipótese mais provável, no entanto, é que, diante da relevância da nova proposta da Calais, eles peçam ao juiz o adiamento da decisão, para que tenham mais tempo para análise.
"Nós estamos eliminando qualquer risco de perda para a WorldCom [MCI]", disse Otávio Azevedo, representante da Calais.
O consórcio, porém, afirma que essa compensação está sujeita à cooperação da MCI e da Embratel, uma vez fechado o negócio com a Calais, para que a venda seja aprovada pelos órgãos regulatórios e à "boa-fé" da empresa norte-americana em relação a buscar um preço justo em caso de venda para outro comprador.
"A decisão de dar essa garantia é resultado da confiança que temos no aconselhamento de nossos consultores da área regulatória de que nossa oferta será aprovada e de que as preocupações levantadas pela WorldCom [MCI] carecem de mérito", disse Azevedo.
No Brasil, a venda terá que ser aprovada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Em justificativa à corte, em março, a MCI destacou o fato de as fixas serem as operadoras dominantes em suas áreas.
"A proposta do consórcio apresenta importantes riscos regulatórios, e [a MCI] decidiu que esses riscos representam uma significativa ameaça de atraso na concretização [do negócio], se é que a concretização viesse a ocorrer."
Nos EUA, a diretora de comunicação corporativa da MCI para a América Latina, Regla Pérez Pino, afirmou ter tido conhecimento da nova proposta, mas que a operadora não iria se manifestar.
A notícia da nova proposta da Calais fez as ações da Embratel dispararem ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. A ação com direito a voto (ON) da Embratel Participações foi a que mais subiu no pregão e fechou com valorização de 11,46%. A regra do "tag-along" assegura aos acionistas minoritários receber pelas suas ações ordinárias o preço equivalente a, no mínimo, 80% do valor pago ao acionista majoritário.
Tanto a Telmex, no México, como o consórcio formado pela Telos (fundo de pensão dos funcionários da Embratel), que também apresentara proposta em março, não quiseram se pronunciar sobre o assunto.


Colaboraram Guilherme Barros, editor do Painel S.A., e Fabricio Vieira, da Reportagem Local


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