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TELEFONIA
Consórcio de operadoras assegura ao menos US$ 360 mi mesmo se negócio for barrado por autoridades regulatórias
Teles fixas elevam oferta pela Embratel
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
O consórcio Calais Participações, que reúne as operadoras de
telefonia fixa Telemar, Brasil Telecom e Telefônica, anunciou ontem uma nova proposta pelo controle da Embratel.
Segundo a nova oferta, o consórcio, do qual ainda faz parte a
empresa Geodex, irá assegurar
que a norte-americana MCI, controladora da Embratel, receba ao
menos US$ 360 milhões pela venda da operadora de longa distância, mesmo se o negócio for barrado pelas autoridades regulatórias.
O valor corresponde ao montante oferecido -e aceito pela
MCI- pela mexicana Telmex para adquirir a Embratel, em março.
A Calais, que havia oferecido
US$ 550 milhões na ocasião, disse
ontem manter esse valor e acrescentou que, caso a venda não seja
aprovada pelas autoridades regulatórias brasileiras até 8 de julho
de 2005, "pagará à companhia
norte-americana, como indenização, a diferença [se houver] entre
US$ 360 milhões [oferecidos pela
Telmex] e o preço obtido pela
WorldCom [MCI] na venda da
Embratel para outro comprador".
A data-limite não foi justificada.
Hoje vence o prazo dado pelo
juiz Arthur Gonzalez, da Corte de
Falências de Nova York (onde
corre o processo de concordata da
MCI), para que sejam apresentadas novas propostas pela Embratel ou objeções ao contrato fechado entre a MCI e a Telmex. A decisão do juiz sai na terça-feira.
Segundo a Folha apurou, hoje
se reúne o conselho de credores
da MCI, nos EUA, e, amanhã, o
"board" da empresa, para avaliar
as propostas da Telmex e da Calais. A hipótese mais provável, no
entanto, é que, diante da relevância da nova proposta da Calais,
eles peçam ao juiz o adiamento da
decisão, para que tenham mais
tempo para análise.
"Nós estamos eliminando qualquer risco de perda para a WorldCom [MCI]", disse Otávio Azevedo, representante da Calais.
O consórcio, porém, afirma que
essa compensação está sujeita à
cooperação da MCI e da Embratel, uma vez fechado o negócio
com a Calais, para que a venda seja aprovada pelos órgãos regulatórios e à "boa-fé" da empresa
norte-americana em relação a
buscar um preço justo em caso de
venda para outro comprador.
"A decisão de dar essa garantia é
resultado da confiança que temos
no aconselhamento de nossos
consultores da área regulatória de
que nossa oferta será aprovada e
de que as preocupações levantadas pela WorldCom [MCI] carecem de mérito", disse Azevedo.
No Brasil, a venda terá que ser
aprovada pelo Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica) e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
Em justificativa à corte, em
março, a MCI destacou o fato de
as fixas serem as operadoras dominantes em suas áreas.
"A proposta do consórcio apresenta importantes riscos regulatórios, e [a MCI] decidiu que esses
riscos representam uma significativa ameaça de atraso na concretização [do negócio], se é que a
concretização viesse a ocorrer."
Nos EUA, a diretora de comunicação corporativa da MCI para a
América Latina, Regla Pérez Pino,
afirmou ter tido conhecimento da
nova proposta, mas que a operadora não iria se manifestar.
A notícia da nova proposta da
Calais fez as ações da Embratel
dispararem ontem na Bolsa de
Valores de São Paulo. A ação com
direito a voto (ON) da Embratel
Participações foi a que mais subiu
no pregão e fechou com valorização de 11,46%. A regra do "tag-along" assegura aos acionistas
minoritários receber pelas suas
ações ordinárias o preço equivalente a, no mínimo, 80% do valor
pago ao acionista majoritário.
Tanto a Telmex, no México, como o consórcio formado pela Telos (fundo de pensão dos funcionários da Embratel), que também
apresentara proposta em março,
não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
Colaboraram Guilherme Barros,
editor do Painel S.A., e Fabricio Vieira,
da Reportagem Local
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