São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CERVEJA

Alvo é união AmBev-Interbrew

Pedido da Schincariol é aceito por Seae e SDE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) e a SDE (Secretaria de Direito Econômico) aceitaram o pedido da Schincariol para contestar a aliança da cervejaria brasileira AmBev com a belga Interbrew.
A Schincariol terá 20 dias para apresentar ao governo estudos econômicos sobre os efeitos que a associação poderá provocar na concorrência no setor de cervejas. A empresa tem afirmado que a operação poderá afetar a concorrência no mercado brasileiro.
Devido ao pedido da Schincariol, o processo de análise da associação será mais longo que o previsto. Inicialmente, a expectativa dos próprios órgãos de defesa da concorrência era que a avaliação seguisse um rito sumário, pois a Interbrew não atua no mercado brasileiro.
A impugnação apresentada pela Schincariol exigirá, no entanto, que o processo siga os ritos tradicionais. A SDE informou ontem que a análise do ato de concentração será feito de forma conjunta com a Seae, o que acelera o ritmo de tramitação. A operação terá de ser julgada também pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
As duas secretarias têm adotado essa praxe em atos de concentração de grande relevância. Técnicos das secretarias já realizaram duas reuniões para tratar do assunto.
Segundo a Schincariol, a operação poderá reforçar o poder de monopólio da AmBev, que detém uma elevada participação no mercado atualmente. Além disso, poderá ampliar seu portfólio de produtos e dar viabilidade a práticas predatórias, pois cria uma empresa com potencial financeiro ainda maior.
A AmBev e a Interbrew anunciaram no início de março a operação de aliança. A associação foi informada oficialmente aos órgãos de defesa da concorrência no dia 16 de março. O valor estimado do negócio é de US$ 11,5 bilhões.

Disputa
A Schincariol é dona da marca Nova Schin, que ganhou participação de mercado. Segundo dados da consultoria Nielsen, referentes a fevereiro, a marca passou a deter uma fatia de 13% do mercado, contra 12,6% de janeiro.
Já a Brahma perdeu uma pequena parcela de participação, passando de 18,2% para 17,8%. A Skol, líder de mercado, detinha 30,4% naquele mês. Ambas pertencem à AmBev.
As duas empresas travaram uma disputa por novos consumidores nas últimas semanas, que ganhou destaque no mercado publicitário. A AmBev contratou o cantor Zeca Pagodinho, antigo garoto-propaganda da Nova Schin, para um comercial, no qual dizia que havia ido "provar outro sabor", mas "voltado".
O contra-ataque veio por meio de uma peça publicitária, com um sósia do cantor, que insinua que Zeca Pagodinho teria recebido US$ 3 milhões para trocar de cerveja. As duas propagandas acabaram suspensas por liminares.


Texto Anterior: Tarifas: Conta de luz aumenta até 19% em 4 Estados
Próximo Texto: Mercado financeiro: Índice de inflação desagrada ao mercado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.